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domingo, 5 de junho de 2016

Lava-Jato: delações da Odebrecht e OAS alarmam políticos

Para lideranças de PT, PSDB e PMDB, operação provocará refundação do sistema político.
A revelação do explosivo conteúdo de uma série de delações premiadas já concluídas ou em andamento envolvendo personagens de diversos partidos levará o sistema político brasileiro a refundar suas bases, caso seja confirmado o teor das acusações. A avaliação é feita por lideranças das três legendas que se revezaram na Presidência da República nos últimos 21 anos. Políticos estão apreensivos com o teor das delações, temerosos de virarem alvos. O GLOBO revelou que o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado relatou aos investigadores o pagamento de R$ 70 milhões a caciques do PMDB, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador Romero Jucá (RR) e o ex-presidente da República José Sarney (AP).

A revista “Veja” deste fim de semana apontou que as negociações de delações premiadas de Marcelo Odebrecht (Odebrecht) e Léo Pinheiro (OAS) trazem acusações contra a presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PSDB, Aécio Neves, os ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, e ainda falariam de 13 governadores e 36 senadores. Na delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, tornada pública na semana passada, há também denúncias que envolvem Dilma.

Embora façam discurso de que as acusações contra os adversários são mais fortes do que as que envolvem seus aliados, a avaliação de líderes de PT, PSDB e PMDB é semelhante sobre a gravidade do momento político. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, por exemplo, acredita que somente com o desenrolar das investigações será possível saber “o que vai sobrar”. Ele afirma que será necessário construir uma nova forma de fazer política.

— Vamos ter que conviver com essa transição, até passar por todos esses episódios da Lava-Jato, de delações, declarações e depoimentos. E aí vai ver o que vai sobrar para a gente recomeçar uma outra forma de fazer política, porque, seguramente, o estilo antigo de fazer política foi embora — avalia Padilha.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), afirma que as próprias práticas da sociedade serão alteradas como decorrência das investigações:

— São indícios de revelações gravíssimas. Tem que aguardar com responsabilidade a oficialização desses dados, para confirmar a veracidade, e exigir uma rigorosa apuração. Essa Operação Lava-Jato segue independente de qualquer vontade. Ela vai seguir adiante e vai promover uma revisão de prática, procedimentos e condutas de importantes membros da sociedade brasileira.

O fim do financiamento empresarial das campanhas políticas, que já valerá nas eleições municipais deste ano, é, para o líder petista na Câmara, Afonso Florence (BA), um caminho. Ele reconhece que, com as sucessivas denúncias, há um choque de credibilidade sobre o sistema.

— É verdade que o sistema político derrete. Não se deve isentar quem tiver responsabilidade. Mas é preciso também ficar claro que, para condenação, tem que ter prova. Precisamos cumprir o rito democrático — afirma o petista.

Procuradores e advogados que estão na linha de frente das negociações afirmam, no entanto, que não há acordo firmado entre o Ministério Público e os ex-presidentes da Odebrecht e OAS. Segundo um investigador, as promessas dos executivos ainda não foram colocadas no papel. Ele sustenta ainda que os executivos precisam falar muito mais do que têm prometido, se quiserem, de fato, viabilizarem acordos de colaboração.

Caso sejam concretizadas, as possíveis delações de Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro podem atingir duramente a estrutura dos maiores partidos, PT, PSDB e PMDB, já desgastados desde o início das investigações da Lava-Jato. Segundo a Veja, nas negociações com vista à um acordo de delação, o ex-presidente da Odebrecht prometeu fazer revelações comprometedoras sobre governadores e senadores que teriam sido destinatários de doações legais e ilegais da empreiteira. Só nas eleições passadas, a Odebrecht teria desembolsado R$ 100 milhões para financiar candidatos de vários partidos.

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