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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

André Costa quer apoio do governo federal para combater a violência das facções


SECRETÁRIO NÃO MENTIU

Na entrevista concedida à Imprensa na última sexta-feira (6) após divulgar os números de CVLIs (Crimes Violentos, Letais e Intencionais) do mês de setembro, o secretário da Segurança Pública do Ceará, delegado federal André Costa, foi incisivo, e disse que, “se o estado do Ceará tentar resolver sozinho, não vai conseguir”. Ele falava da criminalidade, da violência e, mais especificamente, das facções criminosas que hoje dominam o estado a partir das unidades do Sistema Penitenciário. “Porque são grupos criminosos que vêm de fora, de São Paulo e do Rio de Janeiro”, completou. Deixou claro que o governo federal precisa ajudar os estados a combater o crime.

A declaração fortíssima de André Costa não teve a devida repercussão na mídia local, que deixou passar em brancas nuvens uma fala que poderia render muitas conclusões. A primeira, a de que Costa sabe do poderio e periculosidade das facções e de como elas estão enraizadas na violência no Ceará. Segunda, ao contrário do governador Camilo Santana, que demorou para se convencer da presença das facções no Ceará, o secretário reconhece que os bandidos se instalaram de vez no estado. Terceiro, admite que as forças estaduais sozinhas não são suficientemente capazes de dar um basta nesta onda da criminalidade. “É preciso uma pactuação entre todos os estados do país e o governo federal para que, assim, possamos apresentar uma solução”, concluiu.

ESTADO SEM PLANO DE SEGURANÇA

Outra parte da fala de André Costa não foi menos importante. Diante da Imprensa, ele teve a coragem de revela uma das raízes do problema da violência no Ceará: a falta de um plano estadual de Segurança Pública. Mas, ao mesmo tempo, informou que está sendo gestado um plano e que este, em breve, estará pronto. Talvez, com isto, o estado possa, a partir de agora, ter uma coordenação, planejamento e metas verdadeiras a alcançar neste setor da administração. O que se viu até hoje foi um festival de arranjos. O recente fracasso do Ronda do Quarteirão está aí para não deixar dúvidas. A Segurança Pública precisa ser um programa de Estado e não de governo. Cada político que se abanca no Palácio da Abolição resolver fazer “sua Polícia”. Troca a farda da PM, muda as cores das viaturas, inventa siglas, desrespeita a disciplina, a hierarquia e doutrina das instituições policiais ou faz questão de sucateá-las, como é o caso, atual, da Polícia Civil. Ontem era o Ronda, hoje é o Raio. O que será amanhã?

PERFIL DAS VÍTIMAS

Ainda na sexta-feira, o secretário André Costa aproveitou a presença dos jornalistas na sede da SSPDS para anunciar a criação da Comissão de Estudo do Perfil das Vítimas dos Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLIs). Através dela será possível traçar a identidade de quem está sendo dizimado pela violência no Ceará. Uma equipe comandada pela delegada Socorro Portela, ex-diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), analisa os casos de homicídios em Fortaleza e faz um levantamento sobre as vítimas, chegando a ir às residências conversar com os familiares enlutados. Esse trabalho começa a mostrar resultados. A equipe descobriu que dentro do universo já pesquisado (882 homicídios), 64 por cento das vítimas mortas tinham antecedentes criminais. Além disso, 84 por cento eram envolvidas em tráfico de drogas. Outro dado mostrou que 47 por cento dos mortos tinham ligações com facções criminosas. E os motivos dos crimes? Resposta: 24 por cento por disputa de facções, 11 por cento foram “cobranças” do tráfico, e seis por cento por vingança. E mais: de 46 casos de assassinatos de mulheres analisados pela Comissão, apenas oito caracterizaram feminicídio (as vítimas tinham alguma ligação familiar ou afetiva com os assassinos)

ADOLESCENTES MORTOS

O Ceará, segundo estudo coordenado pela Unicef, que produz o Índice de Homicídio na Adolescência (IHA), é o estado brasileiro onde mais se mata adolescentes, jovens na faixa etária entre 12 anos completos e 18 incompletos. O IHA do Ceará em 2014, diz a pesquisa, foi de 8,71, o que significa dizer que 8,71 adolescentes foram mortos por cada grupo de mil. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (11) pelo jornal O Estado de São Paulo e revela que o levantamento aponta dados ainda mais graves. Em todo o Brasil deverão ser mortos 43 mil adolescentes em sete anos (entre 2015 e 2021). E mais: neste aspecto, sete capitais nordestinas estão entre as 10 que apresentam maiores índices de assassinatos de jovens da referida faixa etária. Já na lista dos 20 municípios brasileiros nesta situação aparecem dois cearenses: Fortaleza (3º lugar) e Maracanaú (7º lugar).

RECADO DO DELEGADO

Delegado da Polícia Civil aposentado, ex-superintendente da instituição, César Wagner Maia Martins, que agora apresenta programa de rádio diário, falando de Segurança Pública, escreveu sobre o tema em um artigo publicado pelo blog Inconteste. No texto, fez uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo no Ceará. Em dos trechos, diz: “Vivenciamos Tempos onde as velhas soluções pontuais já sequer chamam a atenção da população, pelo total descrédito. Tempos em que a figura do heroi não sobrevive a uma leve brisa, pois o jogo é de equipe, de parceiros, de destemor, de compromisso inabalável com a população. Tempos de investigação, inteligência e tecnologia em alta, sem pirotecnias e promessas que irão fracassar, pois não se sustentam diante da realidade do que enfrentamos. Não se deve vender soluções sem antes ter criado a estrutura ou prazo determinado, com responsabilidade, para suas implementações com sucesso”. Foi um recado...

PROJETO QUE AVANÇA

Equipe do vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Bing Torgan (DEM), avança na preparação para o lançamento do Plano Municipal de Proteção Urbana, o PMPU. Na semana passada, Moroni e seus assessores estiveram na comunidade Goiabeiras, na Barra do Ceará, Zona Oeste de Fortaleza, onde deverá ser instalada a segunda torre de vigilância 24 horas da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) em parceria com a Polícia Militar do Ceará (PMCE). Ele conversou com os moradores e sentiu a necessidade de segurança para os cidadãos de bem dali. Já nesta terça-feira (10), foi escolhido o local no bairro Canindezinho onde será fixada a terceira torre, lembrando que a primeira já está em construção no Jangurussu. O projeto tem seu lado social, com a Tenda ou Ponto da Cidadania, que vai proporcionar emissão de documentos, vagas em cursos profissionalizantes, assistência a usuários de drogas e outras atividades de cunho social.

E TEM MAIS!!!

* Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Batalhão de Policiamento Rodoviário Federal (BPRE) iniciam nesta quarta-feira (11) mais uma operação de reforço nas estradas federais e estaduais que cortam o Ceará, respectivamente. É mais um feriadão que se avizinha e com ele aumentam os riscos de acidentes graves por conta do desrespeito às leis de trânsito.

* Secretária de Justiça e da Cidadania do Ceará, Socorro França, foi à Brasília em busca de liberação de recursos do Fundo Penitenciário Nacional. Quer construir no estado um presídio de segurança máxima. O valor é de R$ 22 milhões. Bandidos de altíssima periculosidade seriam mandados para lá. Quer urgência nisso. E a população agrade.

* Como aqui foi denunciado há algumas semanas nesta coluna, a insegurança e violência tomam de conta da Praia de Iracema, com a história de uma tal Praia do Crush que se instalou todos os fins de semana. Drogas, agressões, roubos, “arrastões” e até assassinatos (já aconteceram três) estão se tornando rotineiros no local. Moradores e comerciantes viraram reféns do medo.

* E a farra dos telefones celulares dentro dos presídios cearenses não tem fim. Imagens postadas nas redes sociais mostram como os detentos ficam à vontade no uso dos aparelhos. Fazem ligações à hora em que bem entendem e postam muitos vídeos nos aplicativos. Dizem que no Presídio do Carrapicho, em Caucaia, a vida lá é um verdadeiro “mamão com açúcar”.

* Capitão Wagner (PR) disse no plenário da Assembleia Legislativa do Estado que vai sim continuar cobrando a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico. Mas já admite que ela não deverá acontecer. Falta coragem aos senhores parlamentares, ouu alguns deles têm medo de se comprometerem?

* Estudos recentes da Assembleia Legislativa do Ceará indicam que, entre 2015 e 2016, apenas 2,8 dos processos judiciais que apuraram assassinatos de adolescentes no estado chegaram à responsabilização penal, isto é, os matadores foram levados a julgamento. Os outros 97,2 por cento estão mergulhados na vala da impunidade.

E A PERGUNTA DO DIA: A Polícia já tem pistas do tarado que anda ejaculando nas mulheres dentro dos ônibus em Fortaleza???

(Blog do Jornalista Fernando Ribeiro)

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