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domingo, 29 de outubro de 2017

VOCÊ SABIA QUE SOBRAL TINHA UMA IGREJA SÓ PARA OS NEGROS?

Encravada no coração comercial de Sobral a igreja de Nossa Senhora do Rosário se destaca como uma das mais antigas da cidade. Construída em 1767 pela confraria Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretinhos de Sobral. No livro “História de Sobral” de autoria de Dom José Tupinambá da Frota, o saudoso Bispo relata que tal confraria foi criada em 1760 e dela só participavam negros, escravos e mestiços. Sua sede era na Igreja do Rosário(fotos), existente até hoje bem no centro da cidade de Sobral. 

Seus rituais misturavam a adoração a entidades pagãs e católicas, devido a influência de seu continente de origem, a África, e da evangelização feita pela igreja católica após sua chegada ao Brasil. A igreja católica aceitava, mas lutava para aos poucos transformá-lo num ritual puramente católico. Antes disso, a referida Irmandade se dissolveu envolta a discussões severas entre seus membros.

A festa desta Irmandade acontecia entre dezembro e janeiro. Para fechar as festividades havia a festa do rei congolês, uma cerimônia onde eram definidos personagens para representarem o rei e a rainha, e estes eram adorados por sua legião de súditos. 
A seguir comentário de Dom José sobre a referida irmandade que foi extinta no ano de 1889:

“O rei e a rainha eram negros, quase sempre escravos. Os negrinhos vestidos em trajes coloridos formavam a corte. Antes da missa, um grupo de negros montados a cavalo, ia buscar o rei que esperava nas imediações da cidade. Em seguida, acompanhados da rainha, eles se dirigiam à igreja onde uma multidão os esperava. Seus cantos eram acompanhados do som de maracás, agitados nervosamente por estes pobres escravos que durante o cerimonial tinham varias horas de folga. Por algum tempo, eles esqueciam a infelicidade de suas tristes existências.”

Dom José acrescenta ainda em seu referido livro, que a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretinhos foi extinta por negligência dos seus membros. O autor reproduz um trecho de uma carta do vigário Vicente Jorge, dirigida ao bispo do Ceará pedindo a dissolução da irmandade.

“Tal era a briga, tal a balbúrdia, tal o vozerio dos irmãos nas suas reuniões, que não era agradável assistir às mesmas”.

Fonte: Livro "Irmandade do Santíssimo Sacramento de Sobral-Uma história de honra e fé" de autoria de Herbet Frota

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