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domingo, 25 de agosto de 2019

Falsos laudos de retardo mental são emitidos para maquiar o índice do Ideb em Sobral; vídeo

MPF E POLÍCIA FEDERAL estão investigando a emissão de laudos médicos atestando retardo mental em estudantes para maquiar resultados do IDEB em Sobral e Coreaú.
Segundo as acusações, os documentos também são usados para solicitar benefícios do INSS. 

Dois médicos cearenses estão sendo investigados, suspeitos de emitirem centenas de laudos, atestando falsas informações cognitivas de crianças do ensino fundamental de Sobral e Coreaú, no sertão do Ceará. 
Segundo o relato das mães, as próprias diretoras organizam todo o esquema. Elas selecionam os alunos de baixo desempenho escolar, levam as crianças para a consulta e pagam até 300 reais por cada laudo. 

As mães contam que além de terem os filhos saudáveis, atestados como sendo portadores de retardo mental, as crianças também foram encaminhadas pela direção da escola para tentarem benefícios do INSS usando os documentos, mas foram reprovados na perícia médica. 

Desconfiadas das informações descritas nos laudos, as mães procuraram outros profissionais e eles atestaram que as crianças não sofrem de retardo mental, além de identificarem que elas possuem grande potencial de aprendizado, culpando a escola de não aplicar métodos lúdicos e motivadores para o melhor aprendizado. 

Com medo de perder o emprego e sem querer ser identificada, uma professora afirmou que realmente tem crianças com laudos de retardo mental que não tem nada. “Meu Deus, mas tem uns meninos mesmo que a gente vê que não tem nada. Dá vontade é de procurar outro emprego em outro lugar, mas infelizmente dependo do meu emprego”, revelou.

Ouvido por nossa equipe, o médico pediatra Francisco Manuel Guedes confirmou que os documentos são usados para tentarem benefícios no INSS e para influenciar nas avaliações das crianças de baixo desempenho escolar.

O Pediatra confirmou também que a Secretaria Municipal de Educação encaminha grupos de alunos do ensino fundamental de várias escolas, para que sejam emitidos os laudos, atestando retardo mental, autismo e outros diagnósticos. Segundo ele, cada laudo custa 300 reais, contudo, não soube informar quantos foram emitidos em 2018, para a prefeitura de Sobral. 

Ainda segundo o médico, a Secretaria Municipal de Educação solicita laudos que confirmem que as crianças não têm condições de enfrentar as avaliações. Guedes disse que o aluno com o laudo pode fazer a prova, mas que o peso na contagem de pontos não pode ser o mesmo aplicado na correção das provas de uma criança sem o laudo. “O aluno pode ir para a prova, porém o peso dele na contagem não pode ser o mesmo de uma criança de desenvolvimento normal”, finalizou Guedes.

De 2013 a 2015 só em Coreaú (CE), 300 laudos foram emitidos atestando problemas cognitivos nas crianças do ensino fundamental, todos assinados ou pelo Dr. Bruno Gomes, ou pelo Pediatra Manuel Guedes. O Dr. Bruno, segundo relatos das mães, atende as crianças do 2º e do 5º ano, dentro das escolas sem o acompanhamento dos familiares. 

A dona de casa Maria Vieira conta que nunca nem levou o filho para ser atendido pelo Doutor Bruno, e ficou assustada quando soube do laudo diagnosticando o seu filho com retardo mental.

Em Sobral, também há relatos de que o médico Bruno Gomes atende numa sala de aula da escola Maria do Carmo Andrade, sem a presença de familiares. 

Em novembro de 2018, em um só dia, mais de 10 alunos acompanhados pela diretora Fátima Farias, foram atendidos no CAPS AD, pelo Dr. Manuel Guedes. Segundo as investigações, naquela manhã, ele emitiu documentos da Santa Casa de Sobral com datas retroativas de 14 agosto e 14 de setembro, para atender a demanda da Secretaria Municipal de Educação. As mães confirmam que os documentos seriam usados para excluir os filhos da contabilidade da avaliação externa, manipulando o desempenho do município no ranking nacional.

Procuramos falar com o médico Bruno Gomes da Silva Vasconcelos, mas além de não responder nossas perguntas, ainda bloqueou o nosso contato no WhatsApp. O mesmo fez a diretora Fátima Farias, citada por várias mães como uma das diretoras que organizam todo o esquema criminoso. A Secretaria de Educação não respondeu o nosso e-mail.

Fonte: Agora Paraná 
Osvaldo Eustáquio

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