O desmatamento na Amazônia atingiu 960 km² em maio de 2025, registrando um aumento de 92% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram derrubados 502 km². Os dados, divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acendem novo sinal de alerta sobre o controle ambiental no país e expõem tensões dentro do próprio governo federal.
As informações são do sistema Deter, ferramenta de detecção em tempo real utilizada pelo Inpe para indicar áreas de devastação. O número representa o segundo aumento consecutivo no ano — em abril, os alertas de desmatamento haviam subido 55%. Os estados mais impactados foram Mato Grosso (627 km²), Pará (145 km²) e Amazonas (142 km²).
Segundo João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, o salto pode estar associado a um novo padrão de destruição, batizado de “desmatamento com vegetação”, que se dá quando a floresta é incendiada antes de ser totalmente removida. “É quando a floresta queima e entra em colapso”, afirmou o gestor.
Apesar do agravamento em maio, os dados consolidados de 2024 ainda indicam um recuo de 30,6% no desmatamento da Amazônia em relação a 2023, de acordo com o sistema Prodes, também do Inpe, que calcula a perda anual de cobertura florestal.
Especialistas, no entanto, alertam que os picos mensais podem sinalizar fragilidade estrutural na governança ambiental. Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, os retrocessos são fruto de divergências dentro do próprio governo.
“Não há apenas divergências, mas fogo amigo contra o meio ambiente. A agenda ambiental não tolera duplo comando. Está mais do que na hora de o presidente Lula dar um rumo único ao seu governo nesta área”, afirmou.
Em contraste com a Amazônia, o Pantanal manteve uma trajetória de redução. Em maio, o bioma registrou queda de 65% no desmatamento, em comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado de dez meses (agosto de 2024 a maio de 2025), a área desmatada caiu 74%, passando de 1.035 km² para 267 km².
(Hora Brasília)
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