O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, confirmou nesta segunda-feira que não vai comparecer à COP30 em Belém, no Pará, por conta dos altos preços da viagem. A informação foi divulgada pela rede pública de televisão austríaca ORF. "Os custos particularmente altos da participação do presidente na COP deste ano não estão dentro do apertado orçamento da Presidência por razões logísticas", informou o gabinete presidencial à emissora.
Os altos preços e a baixa oferta de hospedagem estão no centro de uma crise na organização da conferência do clima. Países estrangeiros e organizações da sociedade civil vêm pressionando o Brasil a mudar a sede da COP30 em virtude das taxas praticadas pelo setor hoteleiro da capital paraense.
"O principal motivo (para a ausência do presidente da Áustria) é a consolidação orçamentária, que exige cortes de gastos e disciplina por parte de todos os órgãos públicos", acrescentou o comunicado do gabinete presidencial austríaco. O país europeu enfrenta um déficit de mais de 4% do produto interno bruto (PIB) e corre o risco de ser punido na União Europeia (UE) por conta dos déficits, segundo a agência EFE.
O presidente austríaco explicou que tomou a decisão de não comparecer ao encontro após “cuidadosa consideração” e desejou que a COP30 seja bem-sucedida. Em 2023, Bellen se reuniu com o presidente presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Na ocasião, o mandatário europeu elogiou o discurso do brasileiro pelo fato de ter enfatizado o tema das mudanças climáticas. Em encontro bilateral, os dois conversaram sobre questões ambientais, como transição energética e da busca por fontes limpas de energia, e citaram a expectativa em torno da COP30.
Na ausência de Bellen, a Áustria será liderada pelo ministro do Meio Ambiente do país, Norbert Totschnig. "É mais importante do que nunca enviar um sinal claro de cooperação internacional na proteção climática", afirmou o ministro.
Procurada pelo GLOBO, a organização da COP30 ainda não se manifestou sobre a ausência de Bellen. Nesta terça-feira, embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, afirmou que a crise provocada pelos altos preços das acomodações em Belém pode impactar as negociações. O comentário foi feito por ele durante o evento "Cidade +2°C", organizado pelo Insper.
— Se nós não tivermos todas as delegações em Belém, pode ter um questionamento sobre a legitimidade do que nós negociamos, porque alguns países não terão poder ir por causa de preço de hotel — disse o embaixador. — Há toda uma estrutura da Casa Civil que está fazendo super bem, porque há muito a fazer sobre essa área de infraestrutura e hospedagem. Esse grupo está lá trabalhando intensamente, mas essa questão dos preços dos hotéis é difícil de lidar pela legislação brasileira.
A crise tem escalado nos últimos dias, com o aumento da pressão feita por delegações estrangeiras pela redução dos preços das acomodações. Na semana passada, 27 países assinaram uma carta assinada cobrando soluções para as questões da infraestrutura da capital paraense. A menos de cem dias do início da cúpula, o valor cobrado por quartos simples na capital paraense chega até mesmo a ultrapassar a diária de unidades de luxo em capitais como Rio, São Paulo e Brasília.
Uma pesquisa feita pelo GLOBO em sites especializados mostra, por exemplo, que a estadia em um hotel de três estrelas na cidade é hoje ofertada por quase o dobro da quantia praticada pelo Copacabana Palace, localizado à beira da praia carioca reconhecida internacionalmente. A alta dos preços também preocupa organizações internacionais como a Climate Action Network Latin America (CANLA), que pertence à maior rede de ONGs climáticas do mundo.
— Em um contexto marcado por instabilidade econômica global, inflação e redução do financiamento para ações climáticas, o aumento exorbitante nos preços de hospedagem não é apenas um inconveniente logístico, ele representa uma ameaça direta à capacidade de participação efetiva da sociedade civil. A participação precisa ser garantida não apenas em termos de acesso, mas também em termos de qualidade — afirmou a porta-voz da CANLA, Karla Maass, em entrevista ao GLOBO nesta terça-feira.
Fonte: O Globo
2 comentários:
O clima em nosso país não está muito 😂😂😂
Vai ficar só paisecos e ditaduras comunistas como Cuba, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, afinal esses países estão no mesmo nível do Brasil.
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