sexta-feira, outubro 28, 2011
ex-secretário municipal de Fazenda de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, 48 anos, foi encontrado morto na noite desta quinta-feira (27). O corpo dele estava no porta-malas de um carro encontrado abandonado no distrito de Floriano, em Maringá. Ele foi morto com pelo menos dois tiros no rosto.
Paolicchi estava desaparecido desde a noite de quarta-feira (26), mesma data em que foi registrado um boletim de furto do Fiat Idea (placa HDQ-6182 de Maringá). O carro foi encontrado abandonado dentro de uma área de plantação após denúncias anônimas de populares.
De acordo com informações da Polícia Militar, o corpo estava encolhido, com uma fita adesiva colada no joelho direito dentro do porta-malas. Ele vestia camisa azul de mangas compridas da marca Lacoste, calça jeans clara, e sapato marrom sem meias. No pulso esquerdo ele usava relógio.
O corpo apresentava ainda sinais de agressão na boca. A polícia acredita que ela tenha sido torturado antes de ser morto. A carteira de Paolicchi foi encontrada junto ao corpo. Ela continha R$ 155 e vários cartões de crédito. Segundo a polícia, aparentemente isso seria um sinal de que o caso não se trata de latrocínio.
Na noite de quarta-feira, o companheiro de Paolicchi procurou a polícia para comunicar o desaparecimento do ex-secretário. A polícia efetuou o bloqueio do automóvel e procedeu ao registro de furto, iniciando as investigações para determinar o paradeiro de Paolicchi.
Ainda segundo a polícia, o cadáver já exalava um certo odor, o que indica que ele tenha sido assassinado entre a noite de quarta-feira e a madrugada de hoje. Os peritos do Instituto Médico Legal (IML) deverão determinar com mais precisão a hora da morte.
Ex-secretário da Fazenda teve vida de festas
Luiz Antonio Paolicchi entrou na Prefeitura de Maringá nos anos 90 e é apontado como um dos mentores do maior rombo nos cofres públicos da história da cidade. O esquema ruiu em 2000, quando ele era secretário de Fazenda do então prefeito Jairo Gianoto.
O declínio começou quando um informante encaminhou à Justiça cópias dos registros dos bens de Paolicchi – nove fazendas, dez apartamentos, 15 carros, dois aviões, um helicóptero e uma empresa de água mineral. A única fonte de renda oficial era o salário que ele recebia da prefeitura, de R$ 4 mil à época. Estima-se que ele não declarava nem um décimo disso à Receita Federal.
Após as investigações feitas pelo Minstério Público, Paolicchi, Gianoto e servidores da prefeitura foram alvos de dezenas de ações por desvio de dinheiro e sonegação. Estima-se que em valores atualizados, a dupla Gianoto - Paolicchi tenha desviado R$ 500 milhões dos cofres públicos, quase o que o município arrecada atualmente em um ano.
O Ministério Público apurou que todo o patrimônio de Paolicchi teria sido obtido por meio de desvios de variadas formas do caixa da prefeitura, com a conivência de Gianoto. Do uso de laranjas a depósitos direto na conta, o ex-prefeito também fez seu pé de meia, com um patrimônio milionário ao deixar o cargo.
Paolicchi levava uma vida de rei à frente dos cofres da prefeitura. Viajava com seus aviões por todo o País, era conhecido por promover festas gigantes e ser generoso nas gorjetas e presentes.
Com a descoberta do esquema e a prisão decretada, Paolicchi fugiu. A Interpol chegou a ser acionada para localizá-lo, mas quem encontrou o ex-secretário foi a Polícia Federal. Ele estava em um apartamento em Camboriú (SC), com uma mala de dinheiro. Contra ele pesavam as acusações de sonegação fiscal, desvio de dinheiro público, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Paolicchi foi condenado e passou 4 anos, 7 meses e 10 dias na cadeia.
De todo o dinheiro roubado por Paolicchi e Gianoto, estima-se que cerca de R$ 20 milhões voltaram aos cofres da prefeitura por meio de processos.
Fonte: O Diário.com