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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Falha da Coin pode ter comprometido ação da PM e causado mortes em Milagres

Delegado chefe da Coin foi ouvido sigilosamente ontem na Controladoria de Disciplina.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD) iniciou a fase de depoimentos na sindicância que investiga a operação policial desastrosa que terminou na morte de seis reféns durante um cerco a uma quadrilha de assaltantes de bancos na cidade de Milagres (a 494Km de Fortaleza). O atual chefe da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), foi ouvido em sigilo. A Coin teria sido a responsável pelo planejamento da ação policial.

O depoimento foi tomado a portas fechadas. O chefe da Coin, delegado de Polícia Civil, Francisco Edinaldo do Vale Cavalcante, falou sobre o planejamento da operação, mas teria negado ter participado dessa atividade. Informações extra-oficiais dão conta de que partiu da Coin a informação da presença da quadrilha de assaltantes interestaduais no Ceará, após um compartilhamento de informes através da Polícia Civil de Alagoas.

Agentes da Coin então partiram de Fortaleza para o Cariri com o propósito de investigar a presença dos criminosos interestaduais naquela região do território cearense. Acabaram descobrindo que o bando – formado por assaltantes de bancos e carros-fortes do Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe – teriam escolhido a cidade de Milagres (CE) como “alvo” para o ataque simultâneo às agências do Banco do Brasil e Bradesco, na madrugada do último dia 7.

Mortes de reféns

De posse da informação, a Coin comunicou o fato à SPPDS e pediu a presença urgente da tropa de elite da Polícia Militar para montar o cerco aos ladrões. E assim foi feito. Na madrugada do dia 7, atiradores de elite, integrantes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), seguiram da Capital para Milagres com a missão de tentar anular a ação criminosa. Todavia, a operação resultou na morte de seis reféns.

A atuação da Coin no planejamento da operação pode ser o norte que o Ministério Público Estadual (MPE) precisa para definir a responsabilização penal pela morte dos seis reféns em Milagres. Com base nas investigações da própria SSPDS, através da Polícia Civil (inquérito), e da CGD (sindicância que pode gerar um Inquérito Administrativo Disciplinar/PAD), o grupo de promotores designados para apurar o fato poderá ter provas suficientes para indicar os responsáveis pelos seis assassinatos.

Doze policiais militares pertencentes ao Gate foram afastados de suas funções por determinação expressa do governador do estado, Camilo Santana (PT). Ele também determinou que a própria Polícia Civil montasse uma espécie de força-tarefa com o objetivo de apurar o caso.

Das 14 pessoas mortas durante o cerco policial em Milagres na madrugada do último dia 7, seis eram reféns e destes, cinco de uma mesma família da cidade de Serra Talhada (PE). A sexta vítima era uma mulher natural de Brejo Santo (CE). Além deles, oito bandidos foram também fuzilados.

Veja a relação dos mortos (já identificados) em Milagres:

REFÉNS

1 – João Batista de Sousa Magalhães, 46 (natural de Serra Talhada/PE)

2 – Vinícius de Sousa Magalhães, 16 (natural de Serra Talhada/PE)

3 – Claudinete Campos de Sousa, 41 (natural de São José do Belmonte/PE)

4 – Cícero Tenório dos Santos, 60 (natural de Maceió/AL)

5 – Gustavo Tenório dos Santos, 13 (natural de São Paulo/SP)

6 – Francisca Edineide da Cruz dos Santos, 49 (natural de Brejo Santo)

ASSALTANTES

1 – Mackson Júnior Serafim da Silva, 26 (natural de Capela/SE)

2 – Lucas Torquato Loiola Reis, 18 (natural de Delmiro Gouveia/AL)

3 – Manoel da Silva, vulgo Eraldo, 44 (natural de Alagoas/AL)

4- Claudevan Santana de Aquino, 26 (natural de Alagoas)

5 – Rivaldo Azevedo Santos, 22 (natural de Alagoas)

(Fernando Ribeiro)

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