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terça-feira, 5 de maio de 2020

Mesmo sem verbas para pagar "extra" na PM, secretário promete base para conter a matança em Caucaia

Com uma média de 38 assassinatos por mês, o Município de Caucaia é o mais violento da Grande Fortaleza, com exceção da Capital do estado. Em quatro meses de 2020 (janeiro a abril), foram registrados ali, nada menos, que 155 homicídios e latrocínios. A guerra entre duas facções criminosas tem deixado um rastro de mortes e pavor entre moradores de vários bairros e comunidades, como o Itambé I e II, que no fim de semana passado receberam a “visita” do secretário da Segurança Pública e Defesa Social, delegado federal André Costa.

Desaparecido da mídia por várias semanas, até reaparecer ameaçando multar em R$ 50 mil cidadãos que participaram de uma carreata em favor da reabertura do comércio e em defesa do Exército Brasileiro, há duas semanas, Costa foi a Caucaia no “feriadão” do Trabalhador para anunciar aos moradores que no bairro Itambé será instalada uma base do Programa de Proteção Territorial e Gestão de Riscos (Proteger).

Na verdade, se trata da instalação de um contêiner onde policiais militares permanecem durante 24 horas como base de apoio e com comunicação via rádio com viaturas do Policiamento Ostensivo Geral (POG). Porém, em face do corte de verbas no orçamento da PM, várias dessas bases foram desativadas, recentemente, em vários bairros da Capital.

A maioria dos PMs que atuam nas bases do Proteger trabalha fora do horário normal do serviço, isto é, na folga. Porém, plano de contingência estabelecido pelo estado de emergência do governo devido, à pandemia do coronavírus, obrigou o Comando-Geral da PM a suspender o pagamento da Indenização de Reforço ao Serviço Operacional (IRSO), o que levou à desativação das bases de policiamento do Proteger.

Guerra e mortes

O bairro visitado pelo secretário André Costa no último fim de semana é uma das comunidades de Caucaia onde a “guerra” das facções deixou conseqüências graves, pois, além dos assassinatos em série, são registrados casos de torturas, seqüestros, ameaças e expulsão de moradores de suas casas.

Um exemplo disso aconteceu, no ano passado, com um policial militar (sargento PM) que, depois de ter o filho assassinado por uma das facções, foi ameaçado de morte e forçado pelos criminosos a abandonar a residência, tendo que mudar de endereço às pressas e com escolta de patrulhas do Policiamento de Choque.

Somente nestes quatro meses de 2020, 155 pessoas foram mortas em Caucaia, a maioria executada sumariamente por ordem de chefes de facções. Foram 31 homicídios em janeiro, 48 em fevereiro, 43 em março e 33 em abril.

As comunidades mais afetadas pela violência dos grupos criminosos são: Itambé 1, Itambé 2, Padre Júlio Maria, Jandaiguaba, Parque Potira 1 e 2, Jurema, Conjunto Metropolitano (Picuí), Parque Soledade, Pirapora, Taquara, Guajiru, São Miguel, Cigana, Santa Rosa, Capuã, Sítios Novos, Genipabu e Garrote.

Entre as vítimas dos assassinatos em Caucaia, neste ano, estão16 mulheres, identificadas como: Maria Neliane Gomes da Silva, 34 anos; Maria Nísia Teixeira de Freitas, 82; Mariana Conceição de Sousa, 18; Francisca Geraldina da Silva Prado, 19; Maria da Conceição Martins de Sousa, 31; Silvânia Coelho Costa, 38; Gleicielly de Almeida Félix, 15; Isabele Alves Silveira, 15; Antônia Tayná Raulino de Andrade, 30; Yasmim Silva Ribeiro, 14; Edileuza Farias da Silva, 33; Lorena Pereira da Silva, 15; Nayara da Silva Aquino, 21; Francisca Yasmim Silva de Brito, 16 (morta no bairro Itambé II), Valéria Ribeiro de Araújo, 22; além de uma vítima ainda não identificada.

(Blog do Fernando Ribeiro)

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