No dia 2 de maio, os Estados Unidos puseram fim a uma busca de 10 anos. Em uma eficiente e polêmica ação militar no Paquistão, uma equipe de soldaods de elite invadiu, localizou e matou Osama bin Laden, terrorista número das listas de procurados da Inteligência americana. Relembre vinte fatos e curiosidades dos bastidores e da ação deste dia que, desde 2001, era aguardado pela imensa maioria do povo do Estados Unidos.
1. A pista do caminho
A primeira pista sobre o paradeiro de Bin Laden foi obtido em interrogatórios na Prisão de Guantánamo, quando a Inteligência dos Estados Unidos descobriu o nome, em 2007, do mensageiro de Bin Laden. Em agosto de 2010, descobriu-se que o mensageiro, Abu Ahmad al-Kuwaiti, freqüentava uma mansão de Abbottabad, no Paquistão, onde Bin Laden poderia estar escondido. O nome de al-Kuwaiti foi divulgado pela rede CNN.
2. O informante
O prisioneiro responsável por liberar o nome de al-Kuwaiti é Hassan Ghul, membro ligado à Al-Qaeda e sobre o qual pouco se sabe. Ghul, que teve seu nome mencionado pela primeira vez em um relatório pós-11/9, teria sido capturado em 2004, na fronteira iraniana e passou dois anos preso sob a guarda da CIA, antes de ser levado para uma prisão no Paquistão. Ghul ocupava altos postos entre homens como Bin Laden e Abu Musab al-Zarqawi, líder da insurgência terrorista no Iraque.
3. Indícios da mansão
Diversos fatos aumentaram as suspeitas de que Bin Laden moraria na mansão de Abbottabad: a casa não tinha acesso à internet nem linha telefônica, era equipada com altas paredes (o que destoava das casas ao redor), e tinha seu lixo domiciliar queimado rotineiramente. O seu porte e estilo (a mansão foi avaliada em U$ 1 milhão) também diferiam muito do arredor, mais simples. (Alguns dias depois da missão, Obama concedeu uma entrevista à rede CBS, na qual afirmou que a chance de que Osama estivesse na casa era de 45% a 55%.)
4. Preparativos para a missão
A missão, executada em 2 de maio, foi precedida por pelo menos cinco encontros, realizados ao longo de seis semanas, com o presidente americano, Barack Obama, para planejar a ação. Nos meses antecedentes à missão, a CIA utilizou aviões não tripulados em dezenas de missões secretas no Paquistão para vigiar o complexo residencial de Osama bin Laden antes da operação que matou o líder da Al-Qaeda, informou o jornalWashington Post.
5. Localização suspeita
Abbottabad se localiza a 100 km (ou uma hora) da capital paquistanesa, Islamabad, e a menos de 1 km da Academia Militar do Paquistão. A proximidade da mansão de Bin Laden levantou rumores sobre uma suposta cumplicidade da Inteligência paquistanesa com o terrorista saudita. Estima-se também que Bin Laden tenha morado de 5 a 6 anos na mansão, aumentando o tempo que a Inteligência paquistanesa teria tido para identificá-lo.
6. Sigilo absoluto
Nenhum governo estrangeiro foi avisado da missão, nem mesmo o paquistanês.
7. A equipe
A operação foi realizada com quatro helicópteros que partiram da cidade de Ghazi com soldados de elite da SEALs ("Sea, Air, Land", ou "Mar, Ar e Terra", em tradução livre). A equipe contava com 80 soldados, cujas identidades permanecem desconhecidas, e um cachorro.
8. Recepção a fogo
Os soldados americanos foram recebidos com tiros e foguetes. Um dos helicópteros foi atingido e caiu. Para eliminar os vestígios, os soldados - nenhum dos quais se feriu - atearam fogo ao equipamento.
9. Invasão e tiros
Os soldados desceram dos helicópteros dentro da área da mansão e começaram a invasão da residência. Houve trocas de tiros na entrada da casa, entre os soldados e o mensageiro de Bin Laden. Já dentro do recinto, os soldados enfrentaram o que foi definido pelo governo americano como uma "situação adversa", devido à escuridão e à grande quantidade de pessoas.
10. Localização e morte
Bin Laden foi encontrado em um quarto da casa, onde buscou proteção atrás de uma de suas mulheres. Ele, que não estava armado (embora perto dele houvesse uma arma), morreu com um tiro na cabeça.
11. Outras mortes e capturas
Além de Bin Laden, a operação resultou em cinco mortes: de seu mensageiro, de um irmão, de um filho do terrorista, e de uma mulher, usada como escudo humano pelo saudita. Quatro crianças e duas mulheres foram levadas em uma ambulância. (Citando autoridades norte-americanas, a NBC relatou que quatro das cinco pessoas mortas a tiros na operação que matou Bin Laden, incluindo o líder da Al-Qaeda, estavam desarmadas).
12. "Geronimo EKI"
Obama e membros do governo acompanharam a missão ao vivo. A morte de Osama foi comunicada a Obama com a expressão "Geronimo EKIA", isto é: Geronimo (nome usado na ocasião para se referir à operação de busca a Bin Laden) inimigo morto em ação (enemy killed in action). "Foram os 38 minutos mais intensos da minha vida", afirmou a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre o acompanhamento em tempo real da operação em Abbottabad.
13. Anúncio histórico
Poucas horas depois da missão ser realizada em Abbottabad, Obama emitiu um comunicado ao vivo para os Estados Unidos e o mundo, no qual anunciou que Osama bin Laden, após quase 10 anos de buscas, havia sido morto no Paquistão. O comunicado foi visto, somente nos Estados Unidos, por mais de 55 milhões de pessoas. Com o anúncio, Obama cumpria a promessa de campanha, três anos antes, de que encontraria o terrorista saudita.
14. Dez anos em 40 minutos
Toda a operação (desde a chegada dos helicópteros, a descida e a invasão da mansão, a morte de Bin Laden e a retirada de cena) durou 40 minutos.
15. Enterro no mar
Bin Laden foi sepultado no mar, de acordo com a tradição islâmica. A localização do sepultamento é desconhecida.
16. Sem imagens
As fotos de Bin Laden morto jamais foram divulgadas. A Casa Branca decidiu no dia 4 de maio, dois dias após a ação em Abbottabad, que as imagens não seriam publicadas.
17. A foto falta
Algumas horas após a notícia da morte de Bin Laden tomar noticiários por todo o mundo, foi divulgada uma suposta imagem de Bin Laden morto. Mais tarde, descobriu-se que a foto, de baixa qualidade, era falsa.
18. Baixa de combate ou assassinato?
Bin Laden não estava armado no momento em que foi morto. O assassinato do terrorista, no entanto, foi justificado pela condição supostamente adversa encontrada pelos soldados na mansão: escuridão, trocas de tiros com seus companheiros.
19. A versão oficial
Autoridades do governo dos Estados Unidos reiteraram repetidas vezes que o objetivo da missão era encontar Bin Laden e, se possível, capturá-lo com vida para o submeter a julgamento. "Se nós pudéssemos, teríamos feito isso", afirmou John Brennan, conselheiro-chefe para antiterrorismo da Casa Branca, no dia 2 de maio.
20. A versão extra-oficial
Não obstante a versão oficial da Casa Branca, a missão foi alvo de duras críticas, segundo as quais o objetivo central era assassinar Bin Laden. "Nunca esteve em questão se era necessário detê-lo ou capturá-lo. Não foi uma decisão tomada em uma fração de segundo. Ninguém queria prisioneiros", afirmou semanas depois uma fonte da inteligência dos EUA à revista New Yorker, reforçando as suspeitas de que os soldados não tentaram capturar Bin Laden.
