Foto: Miguel Portela
Durante a ação, bandidos parabenizaram os reféns e avisaram que todos voltariam a abraçar seus filhos
"Num domingo desses, Dia dos Pais, com uma arma apontada para minha cabeça, eu só pensava em chegar vivo em casa e abraçar minha filha mais uma vez". O depoimento emocionado é do guarda municipal Paulo Ferreira, que permaneceu duas horas como refém de bandidos que arrombaram, ontem pela manhã, um caixa eletrônico do Banco do Brasil dentro da sede da Secretaria Executiva Regional II (SER II).
Paulo trabalha como guarda municipal há oito anos e tem uma filha de um ano e oito meses. Ontem pela manhã, quando chegava à SER II para assumir seu posto no plantão, foi rendido por um homem armado de revólver. "Ele me abordou ainda no portão. Disse logo que era um assalto, que eu ficasse calmo e não reagisse. Dentro da Regional havia outro bandido, armado com uma pistola, que mantinha reféns dois porteiros", contou.
Segundo Paulo Ferreira, os assaltantes - em número de quatro, dentro da Regional - diziam o tempo todo que os reféns tivessem calma, que ninguém seria ferido. "Eles diziam que não queriam nos machucar, não iam roubar nada da gente. Falavam que queriam apenas o dinheiro do banco", lembrou.
Segundo o guarda municipal, o alvo da quadrilha eram dois caixas do Banco do Brasil instalados na antiga central de atendimento à população. "Do lado de fora tinham outros bandidos, não sei quantos. Os que estavam com a gente, dentro da Regional, mantinham contato com os outros o tempo todo, por telefone".
De acordo com o refém, os assaltantes eram morenos, magros, e tinham sotaques de mineiros e paulistas.
Quando já estavam rendidos o guarda municipal e os dois porteiros da SER II, os bandidos saíram no prédio à procura de três funcionários do Samu, também feitos reféns durante o arrombamento.
As seis vítimas foram imobilizadas com presilhas de plástico e permaneceram cerca de duas horas sob a mira das armas. "Enquanto arrombavam o caixa eletrônico, os assaltantes usaram coletes a prova de balas que tínhamos guardados na sala dos guardas municipais. Eles também arrombaram a sala. Depois da ação, jogaram os coletes no chão e foram embora", contou o guarda municipal.
Utilizando um maçarico ligado a um botijão de gás, os assaltantes abriram um único caixa eletrônico e retiraram as gavetas com o dinheiro. A máquina tinha sido abastecida na última sexta-feira (12).
Antes de fugir, a quadrilha trancou os seis reféns numa sala, quebrou os chips dos celulares e devolveu os aparelhos para cada um dos reféns. "Eles nos mandaram ligar para a Polícia somente meia hora depois, ameaçando voltar caso fizéssemos diferente", lembrou Paulo Ferreira.
NATHÁLIA LOBO
SUBEDITORA DE POLÍCIA/DN
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