O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Silva, se disse chocado com a postura da policial militar em relação a homem que ameaçava adolescente negro com uma arma no último domingo (12) em frente à estação Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. Ele afirmou que irá oficiar a Corregedoria da PM para pedir mais explicações e investigação.
A Polícia Militar afirmou ao g1 que a policial já foi identificada e vai responder ao caso de forma criminal e disciplinarmente, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
De acordo com a SSP, houve uma conduta omissa considerada grave "uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública".
Para o ouvidor, a policial prevaricou porque viu uma cena de crime e não tomou nenhuma atitude. Ele afirma que, independentemente do crime que possa ter cometido pelo jovem, o rapaz também foi vítima de lesão corporal e ameaça grave por arma de fogo.
"Fiquei muito chocado. Vou questionar a Corregedoria para saber se isso é comum para a corporação, se podemos naturalizar o fato de uma policial militar ver uma pessoa correndo risco de vida e não fazer nada".
A PM de folga, ainda de acordo com o ouvidor, falhou ao não verificar se o homem armado tinha documentação para usar a arma.Segundo Claudio Silva, a agente deveria ter identificado o agressor, protegido o rapaz e conduzido a ocorrência para a delegacia.
"O rapaz foi procurar proteção, até porque ela estava fardada. O policial serve para proteger a sociedade e se submete a um regimento em que ele é policial 24 horas por dia. Ela estava usando o fardamento, o que dá a ela o poder de estado para atuar nessas circunstâncias".
Ele explica ainda que, mesmo de folga, como foi alegado no vídeo, a PM poderia ter pedido apoio a outra equipe e transferido a ocorrência para que fosse dado andamento ao caso.
"E se ela não tinha celular, como respondeu à pessoa que gravava, ela poderia ter solicitado o celular para algum popular. Isso se ela estivesse realmente disposta a colaborar para que o desdobramento não fosse o pior, o que poderia ter sido. Houve um risco iminente de vida àquele jovem".
Paulo, o homem armado, acusa o adolescente de estar roubando as pessoas na região. O jovem chega a pedir desculpas e é alvo de pontapés.
Um repórter fotográfico que passava pelo local registrou a briga e foi até a policial uniformizada pedir intervenção, para que o menino não fosse morto.
A policial afirmou que está de folga e que, portanto, era necessário ligar na Central 190 da Polícia Militar.
A PM de folga assistiu toda a cena imóvel, de braços cruzados, e parece que também estava armada.
Em determinado momento, o jovem ameaçado foi para perto dela e foi rechaçado com um chute.
Graças à intervenção de pessoas que passavam pelo local e às súplicas da mulher que pedia para que ele "guardasse a arma", o adolescente conseguiu sair do local.
O fotógrafo que pediu ajuda e estava gravando a ação diz para a policial de folga: “Pra que vocês servem?”. Ela se ofende e ameaça prender o rapaz que gravou a ação.
“Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender. Tá ouvindo? Você não me desrespeita não. Tá gravado que você me desrespeitou. Se você é da imprensa, eu sou da polícia. Você me respeita”, afirmou.
Ao ser questionada sobre o motivo de não agir, a PM disse que “está de folga e o procedimento é ligar 190 e pedir viatura”.
PM identificada
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, por nota, que a policial militar que aparece nas imagens já foi identificada e irá responder "criminal e disciplinarmente pela conduta omissa registrada pelas imagens".
"Considerada grave uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública, que deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço.
A SSP esclarece ainda que todos os policiais militares passam por treinamentos, independentemente da área em que atua."
G1
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