Diplomatas do Itamaraty avaliam que declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevam o risco de tensões no encontro com o presidente Donald Trump, previsto para domingo (26/10), na cúpula da Asean, na Malásia.
Em duas aparições públicas nesta semana, Lula afirmou que “intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”, ao tratar da Venezuela, e recordou que, quando Trump “ofendeu” e “sobretaxou” o Brasil, “a gente não abaixou a cabeça”. Para diplomatas ouvidos reservadamente, o tom endurece o ambiente e diminui a margem de negociação em temas prioritários da reunião, como a redução do tarifaço sobre produtos brasileiros e a normalização do diálogo bilateral.
Auxiliares do governo tentam desinflar o ruído e manter a pauta concentrada em comércio e cooperação. O receio é que as falas reforcem a leitura, em Washington, de alinhamento ideológico de Brasília em relação à Venezuela e de confronto retórico com a Casa Branca — fatores que podem contaminar a conversa e retardar gestos concretos na agenda tarifária.
Desde a reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio (16/10), Lula fez três manifestações sobre a relação com os EUA. No Itamaraty, a avaliação é que, a dois dias da bilateral, a disciplina de mensagem é crucial: qualquer novo atrito público tende a encarecer concessões e a reduzir o espaço para “entendimentos de princípio” que pavimentem revisões de tarifas nas próximas semanas.
A orientação interna é preservar a reunião de temas ‘sensíveis’ e evitar declarações adicionais até o encontro. Publicamente, o governo não comentou as apreensões. A agenda está mantida.
Via portal Hora Brasília
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