Empresário desde os 18 anos, fundador da rede de restaurantes foca expansão no nordeste
O começo da década de 1990 foi difícil para quem tinha um negócio no Brasil. Inflação recorde, poupança confiscada, cena política instável. No bairro do Marmeleiro, em Mairinque (SP), um adolescente chamado Ricardo José Alves, que não entendia nada de carnes, trocou uma moto Honda CB 400 por um açougue. "Era uma época louca, eu vendia pelo preço de custo, para colocar logo o dinheiro no overnight [aplicação com liquidez diária, popular na época] e lucrar mais", lembra o fundador da franquia de restaurantes Griletto, que deve abrir a centésima loja em 2012.
Entre 1990 e 1997, ele chegou a comandar seis açougues no interior paulista. Mas, dali para frente, muitos consumidores começaram a comprar carne em supermercados. Até que, em 2003, uma tarde ruim fez o empresário ter uma ideia. "Era um dia de chuva e eu não vendi nada, não entrou uma alma viva para comprar meio quilo de carne moída", diz.
Alves queria continuar vendendo carne, já pensava em abrir um restaurante. Teve um pensamento simples, baseado na observação elementar. "Se a chuva atrapalhava os clientes, seria melhor abrir num shopping."
Naquele ano, montou o primeiro restaurante Griletto, num shopping de Itu (até hoje, todas as unidades ficam em shoppings). "Era muito parecido com o que é atualmente, mas eu nem imaginava franquear, fiz para ter uma fonte de renda", lembra. A fórmula de pratos básicos e preços bons, porém, se saiu melhor que o esperado. O Griletto começou a se espalhar pelo interior – São Carlos, Campinas, Ribeirão Preto, Piracicaba.
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Em 2008, Alves já tinha 12 lojas. Foi quando vendeu a primeira franquia, aberta no shopping Jaraguá, em Araraquara. "Até então, tocava as coisas do meu jeito, a oportunidade fazia a ocasião", diz. "Mas, quando comecei a franquear, contratei uma consultoria [a Cherto] e passei a planejar tudo."
Hoje, o empresário tem 21 unidades próprias e 51 franqueadas. Somados os contratos já assinados, a Griletto termina o ano com 100 lojas e faturamento de R$ 112 milhões, após registrar vendas de R$ 89 milhões no ano passado. A marca se espalhou pelo país, de Curitiba a Brasília, de Belo Horizonte a Salvador. A revista "Pequenas Empresas & Grandes Negócios" acaba de eleger a rede "melhor franquia de alimentação do Brasil".
O foco, agora, é a nova classe média e a região nordeste. "A frase é batida, mas a classe C é a bola da vez, porque quem começa a ganhar algum dinheiro quer ir pro shopping consumir", afirma Alves, que falou ao iG na ABF Expo Franchising, maior evento de franquias do País, realizada na semana passada em São Paulo.
O desafio atual do empresário é, também, uma frase batida na nova economia brasileira: está difícil encontrar mão de obra. "[Com mais emprego no País] ninguém quer trabalhar em restaurante de shopping, o pessoal considera subemprego. Em Ribeirão Preto [cidade com altos índices de desenvolvimento], a gente chega a ir na igreja, pedir pro padre anunciar a vaga na missa", conta Alves. "Não posso reclamar: se está todo mundo empregado, em contrapartida esse pessoal está consumindo também."
Fonte: IG
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