Pároco foi sequestrado e morto a tiros em 1969, quando era auxiliar de Dom Hélder Câmara
Fonte: oglobo.globo
RECIFE - Ao depor nesta terça-feira na Comissão Estadual da Memória e Verdade, o ex-delegado Jorge Tasso de Souza incriminou os seus ex-colegas, mostrando informações que ratificam a participação de elementos da polícia pernambucana no assassinato do Padre Antônio Henrique Neto. O pároco foi sequestrado, torturado e morto a tiros em 1969, quando era auxiliar de Dom Hélder Câmara, então arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, e o religioso mais visado do país pelo regime militar.
Depois de ser sequestrado e conduzido em uma rural willys que pertencia aos órgãos de repressão, o sacerdote foi amarrado com uma corda no pescoço e provavelmente arrastado para o local do crime. Ao assumir a delegacia de homicídios, em Recife, Souza encontrou na gaveta de um armário o pedaço da corda que foi usada no crime. Por uma coincidência, o policial havia atuado de 1969 a 1971 no processo como advogado da família da vítima, quando foi nomeado para a delegacia (naquele tempo a indicação não era por concurso). Souza percebeu que a corda era um pedaço de uma das provas contidas no processo e entregou aos seus superiores. Nada, no entanto, aconteceu, e o pedaço está sumido até hoje.
Foi a primeira vez que o policial aposentado relatou publicamente a história, que já havia contado a amigos muito próximos. Ele acredita que os policiais quiseram antes dar "só uma surra" no padre para advertir Dom Hélder. O armário em que Jorge achou a corda pertencia a Bartolomeu Gibson, que comandava a delegacia de capturas da Secretaria de Segurança Pública, repartição a qual pertencia o veículo utilizado para sequestrar o sacerdote. Os envolvidos não foram presos pelo crime.
Fonte: oglobo.globo
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