A Polícia Federal (PF) deflagrou na quarta-feira a Operação Calouro no Espírito Santo, mas com prisões e execução de mandados de busca e apreensão no Piauí, onde foram presas duas pessoas, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul, Acre e Mato Grosso.
A Polícia Federal informou que o objetivo da ação policial é desarticular organizações criminosas especializadas em fraudar vestibulares para entidades de ensino superior de Medicina em todo o Brasil.
No total devem ser cumpridos 70 mandados de prisão e 73 mandados de busca expedidos pela Justiça de Vitória/ES. Para realizar a operação, estão sendo empregados mais de 290 policiais federais, em 10 estados e no Distrito Federal.
Ao longo de um ano e seis meses de investigações foi possível formar um panorama bastante completo sobre as fraudes em vestibulares de medicina em todo o território nacional e sobre os grupos criminosos que realizam esta atividade.
Trata-se de organizações altamente especializadas, lucrativas, organizadas e disseminadas. Elas agiam por meio de diversos métodos clandestinos para atingirem o objetivo de fraudarem os vestibulares, seja por meio da falsidade documental e substituição do aluno durante as provas, seja por meio da produção de um gabarito e sua difusão não autorizada e clandestina por algum meio eletrônico aos alunos.
“É importante ressaltar a nocividade das quadrilhas que fraudam vestibulares, seja para as instituições, que são ludibriadas em seu processo de seleção dos melhores alunos interessados no ingresso, seja para o meio médico, que recebe profissionais completamente alheios aos princípios éticos, seja para a saúde pública em geral, que será atendida por profissionais com sérios desvios de conduta”, diz nota da Polícia Federal.
Quadrilha ganhava até R$ 500 mil por vestibular e vaga custava até R$ 50 mil
Pelo menos mil estudantes no país contrataram o serviço de quadrilhas especializadas em fraudar vestibulares de entidades de ensino superior de Medicina. Após um ano e meio de investigações, a Polícia Federal desencadeou a Operação Calouro. Sete quadrilhas atuavam no Brasil, principalmente na região Sudeste. Cada uma chegava a faturar R$ 500 mil por vestibular. No Espírito Santo, dois homens foram presos por envolvimento no esquema.
As prisões aconteceram em Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Os nomes não foram divulgados pela Polícia Federal. Ambos eram responsáveis por aliciar candidatos em todo o país.
No Estado, durante as investigações, houve a tentativa de fraude do vestibular 2012/1 da Unesc de Colatina (ES). No entanto, a fraude não se concretizou por conta da atuação da polícia.
Estão sendo cumpridos 70 mandados de prisão e 70 de busca expedidos pela Vara Especial de Central de Inquérito de Vitória.
As organizações criminosas tentaram fraudar cerca de 50 vestibulares no período das investigações nos estados Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Bahia, além do Distrito Federal.
De acordo com a Polícia Federal, após a implantação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), as quadrilhas deixaram de atuar em universidades federais e passaram a fraudar vestibulares em instituições particulares. O delegado da Polícia Federal, Leonardo Damasceno, afirmou que o esquema acontece há décadas no país. As organizações possuem pelo menos um estudante de Medicina ou um médico.
"O esquema não é atual. Ele dura mais de décadas. Há líderes que atuam na quadrilha há mais de uma década. Eles se gabam com o número de pessoas que aprovaram no Brasil inteiro, em cada instituição.
Todos formaram um patrimônio gigantesco: são empresários e fazendeiros. Precisava de uma operação que mostrasse quem são essas pessoas que se passam por bons profissionais, mas que praticam uma atividade que pode comprometer a segurança pública", explicou.
As quadrilhas atuavam de duas formas. Em uma delas era feita a falsificação documental. Pessoas preparadas faziam a prova no lugar de alunos clientes com documento falso. O cliente pagava à quadrilha de R$ 45 mil a R$ 80 mil. Em uma outra forma utilizada pela quadrilha, as pessoas preparadas produziam os gabaritos e enviavam para os alunos clientes por meios eletrônicos, como pontos ou celulares. Essa fraude custava de R$ 25 mil a R$ 50 mil.
Os alunos clientes eram treinados em espaços públicos por membros das quadrilhas, para utilizarem os equipamentos eletrônicos e para se portarem durante a prova sem chamar a atenção dos fiscais.
Os sete líderes das quadrilhas já foram presos. Em Goiás foram presos os empresários José Rosa Júnior e Alessandro Alves da Silva, o médico Luciano de Souza Cançado, o engenheiro formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica Saulo Marques da Silva Júnior, Sandro Eli Pereira dos Santos e Ziziel Jonas da Silva. Em Minas Gerais foi preso o estudante de Medicina Elzo de Souza Barbosa.
As pessoas que contrataram os serviços das quadrilhas não serão presas, porque não possuem vínculo permanente com as organizações criminosas, de acordo com o delegado. Entretanto as pessoas identificadas pela polícia serão indiciadas. Os nomes dos alunos beneficiados com a fraude serão ainda encaminhados às instituições para que possam ser excluídos dos cursos .
via meionorte
0 comentários:
Postar um comentário
Comente esta matéria