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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CHEGOU A HORA DA SOCIEDADE CEARENSE CONHECER O QUE A POLÍCIA CIVIL TEM DE PIOR


Segue abaixo um texto escrito por uma Inspetora de Polícia acerca do tema. Num desabafo angustiante e triste, vemos explodir a revolta e o sofrimento pela injustiça sofrida.
"EU JÁ TIVE UM SONHO... EU JÁ QUIS SER POLICIAL...

Hoje, sou inspetora de polícia, mas, cá entre nós, queria voltar no tempo, não ter passado no concurso e continuar sonhando com a profissão... Do lado de fora, ser policial é, muitas vezes, ser herói! É ser respeitado e ter uma carreira valorizada. Ora, a polícia é uma instituição que trabalha pelo Estado, em prol da segurança da sociedade. Bonito, não é? Era tudo o que eu queria. Era tudo o que eu sonhava... Já pensou?! Ter o respaldo do Estado e proteger o cidadão de bem. Um sonho..!

Hoje, tenho um pouco de vivência na área, bem pouca, 1 ano e 5 meses para ser exata; mas sou encrostada de muitas inseguranças e angústias geradas pela profissão. Sinto-me, muitas vezes, como um ratinho domado de tanto levar choques.

Vejamos. Iniciei minha carreira policial no interior. Lá, era responsável pela guarda e segurança dos presos, o que chamam na polícia de permanência. Primeiro choque! Estudei para ser policial! Queria ser policial... Mas, ao contrário, passei algumas noites nos pronto-atendimentos com presos ensanguentados, madrugadas com olhos arregalados com receios de fugas ou resgates (média de 25 a 40 presos), manhas, tardes e noites revistando quentinhas (so em lembrar, consigo sentir o cheiro que tinham os caldinhos, logo pela manhã. Sem falar nos depósitos de sorvetes que, de tão cheios, deixavam transbordar as comidas sobre a mão, quando da entrada da faca). Na delegacia, não haviam alojamentos dignos para os dias de plantão. A água, quando tinha, era suja e barrenta. No banheiro, as janelas eram quebradas, dando para fora da delegacia e não permitindo um asseio tranquilo. Lembro que passei meu primeiro plantão de 48 horas sem tomar banho. Quando, num minuto de descanso, encostava a cabeça na parede, refletia: estudei para isso? Eu queria ser policial... Logo, voltava para a minha realidade naquele lugar, ao ser chamada por um preso que passava mal no xadrez... Fazia parte da minha rotina. Sorte que tive alguns parceiros para dividir as atribuições e angustias... Às vezes, pensava que aquilo serviria para o meu amadurecimento. E serviu! Mas eu continuava querendo ser policial... Cheguei a tirar licença, após um preso passar mal e estar sozinha para todas as tratativas. A PRF me ajudou, os agentes foram anjos enviados por Deus, tenho certeza! Aquele preso podia ter morrido. Quem deveria estar presente e gerir a situação, afastou-se!

Ao retornar da licença, após enclausuramento lembrando do momento infernal que passei, ainda dopada, deparei-me, mais fortemente, com outras situações. Pessoas com poderes maiores querendo mostrar o quanto eu era pequena... Poder! Ah... o Poder! Pega papel, coloca ali, traz para cá, vem aqui, pega de novo, assinatura, liga para fulano, passa a ligação, liga de novo, pega papel, não esquece dos presos, liga para beltrano, papel, pega ali papel na impressora, tira uma cópia, chama o terceirizado, pega papel, papel, papel... EU TINHA UM SONHO... QUERIA SER POLICIAL...

Duvidas, dúvidas, estou no lugar certo? Sou realmente polícia? Cadê o Estado? Por que a população não é por nós? O Estado é alheio, os chefes não estão nem aí. A população pisa. O salário vale? E o risco?

Humilhação. Descaso. Angústia. Insegurança. Eu só tinha um sonho. Queria ser policial...

Poder. Quem tem quer mostrar que tem... Na polícia, você é o ratinho levando choque e sendo adestrado. Se fizer isso, leva choque. Não mostre o que pensa, vai levar choque. Seja subordinado e mente fechada, uma máquina para fazer o que mandam. Não pense! Faça, sendo legal ou não, você ganha pontos e vai ser querido. Do contrário, mostre personalidade, bata de frente, mexa com os egos, tente melhorar o sistema, você se fode. F-O-D-E!
Apresentação. Se não age como querem, você pode ir para Jati. Controladoria. Pouco mais de um ano de polícia e tome controladoria. Psiu, mas pelo quê mesmo? A inspetora se negou a pegar papel na impressora após ser repreendida pela delegada? Detalhe: impressora ao lado da mesa da delegada. Poder! Poder! Poder! Ok! Depois da unilateralidade da informação, o lado mais fraco é submetido a um processo administrativo. É isso mesmo? Antes da apuração, TODO o teor da denúncia é publicado no DOE. Sua vida (ou o que querem fazer crer), vira um livro aberto! Pera, mas e os roubos na instituição? É a corrupção? E as coisas erradas? Tem alguém investigando? Espero que sim, pois nunca me senti tão injustiçada por tão pouco (será que é pouco?).

Eu estudei. Eu tinha um sonho... Eu queria ser policial...

Ganho 2.800, estou numa profissão de risco, a população hipócrita vive apunhalando a minha categoria, o Estado me condena antes de me ouvir e não me valoriza como profissional. Os mais fortes e de cargos elevados são os únicos com poderes..!

Eu já tive um sonho. Hoje, nem sei mais... Mas sei que nem tudo está perdido. Existem pessoas que não se deixam dominar pelo poder. E, melhor que isso, Deus é grande!

... E eu só tinha um sonho... "
 Via facebook da Polícia Civil do Ceará em Ação

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