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sábado, 24 de agosto de 2019

Após confirmar caso de sarampo importado, Ceará investiga mais 9 ocorrências suspeitas da doença

A principal causa do retorno do sarampo, segundo infectologista, é a queda da cobertura vacinal no País. Em 2013, a reintrodução da doença no Ceará ocorreu de modo semelhante quando houve registro de um caso importado.

Um caso de sarampo importado foi confirmado no Ceará pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Conforme informações disponibilizadas ontem pela Pasta, o paciente contraiu a doença em um município do Estado de São Paulo, onde, até a 1ª quinzena de agosto, já foram confirmados 1.662 casos. No Ceará, segundo a Sesa, até o dia 23 de agosto, foram notificados 98 casos suspeitos de sarampo. 88 destes já foram descartados e nove estão sendo investigados.
Queda na cobertura vacinal é apontada como principal causa para a volta do sarampo
Foto: Fabiane de Paula

Em 2013, a reintrodução do sarampo no Ceará, que gerou o surto entre 2013 e 2015, ocorreu de modo semelhante ao cenário de agora, com a confirmação de um caso importado. Até o momento, 12.010 casos de sarampo foram confirmados no Brasil.

O infectologista Robério Leite explica que a principal causa do retorno da doença é a queda da cobertura vacinal. Não só para o sarampo, mas o caso surge como um alerta. "Porque como é a doença mais transmissível dessas imunopreveníveis, quando normalmente a cobertura vacinal cai, geralmente, o que volta primeiro de doenças é o sarampo". De acordo com o médico, a redução da cobertura vacinal, atrelada à falta de controle da doença no mundo, provoca esse cenário. "Além disso, aumentou o movimento populacional como viagens, e isso facilita a reintrodução do sarampo nas áreas que tinham controlado, como as Américas", enfatiza.

De acordo com a Sesa, o último caso autóctone de sarampo no Ceará, aquele que ocorre quando a contaminação se dá no próprio Estado, foi confirmado em julho de 2015.

Privilegiado

Conforme o infectologista, é possível dizer que como o Ceará saiu recentemente de um surto, o Estado tem uma situação "privilegiada" de imunização se comparado ao restante do País. Isso, reforça ele, é uma espécie de vantagem, mas não é uma garantia absoluta. Portanto, quem não tem certeza se teve sarampo ou não está imunizado, deve procurar um posto de saúde e se vacinar.

A Sesa informa que sarampo é uma doença de elevada transmissibilidade, que pode acometer crianças e adultos. A transmissão ocorre de uma pessoa para outra, por meio de secreções expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar.

Quando identificado algum caso suspeito, relata o médico, é preciso seguir um protocolo que estabelece a realização de bloqueio nas pessoas suscetíveis que tiveram contato com o paciente em até 72 horas após a identificação. "Se essas pessoas não tomaram duas doses da vacina ou não tiveram sarampo anteriormente, vão tomar a vacina como um bloqueio. A vigilância não precisa confirmação para atuar, basta a suspeita clínica. A partir daí, se buscam todos os contactantes e se procura fazer o bloqueio da pessoa".

Conforme o médico, essa confirmação sinaliza duas dimensões: uma é a extensão do surto da doença no País e a outra é a vigilância de saúde do Estado, que está bastante atenta e tem funcionado. "Essa vigilância é muito importante para que você não permita que a doença se estabeleça no Estado a partir de casos importados. Porque aí, sim, você faz uma cadeia de transmissão e você caracterizaria um surto. Por enquanto, não está caracterizado".

A Sesa define como caso suspeito todo "paciente que, independentemente da idade e da situação vacinal, apresentar febre e exantema maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite. Ou todo indivíduo suspeito com história de viagem a locais com circulação do vírus nos últimos 30 dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou para lugares com circulação do vírus".

Contexto nacional

Em 2019, o Brasil já contabilizou 1.680 casos confirmados de sarampo, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

Surtos

A Pasta federal também aponta que 11 estados têm surtos ativos da doença: São Paulo (1.662), Rio de Janeiro (6), Pernambuco (4), Goiás (1), Paraná (1), Maranhão (1), Rio Grande do Norte (1), Espírito Santo (1), Bahia (1), Sergipe (1) e Piauí (1)

Epidemia

Do início da epidemia, em fevereiro de 2018, ao dia 17 de agosto passado, o País teve 12.010 ocorrências da enfermidade e 12 óbitos foram registrados, sendo em Roraima (4), Amazonas (6) e Pará (2). Em Pernambuco, uma morte está sendo investigada.

(Diário do Nordeste)

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