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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Sobral em um dia: descobertas de pinturas rupestres e banhos em águas termais

Situada a 231 km de Fortaleza, Sobral reserva mais do que calor aos visitantes. Sítios arqueológicos contam uma parte da história da humanidade.
Esse roteiro vai ser contado de trás para frente. Sendo assim, imagine-se caminhando por uma trilha em plena depressão sertaneja sobralense, sob o sol de 10h da manhã, bem no comecinho de dezem(b-r-o bro), e em busca de pinturas rupestres na paisagem. A promessa de chegar em "15 minutinhos" se estende à medida em que o sol vai esquentando e você leva pelo menos 40, até o lugar prometido. No percurso, um ou outro pé de juazeiro colorindo de verde a vegetação. Já no destino, um conjunto de paredões de pedra ali situados há milhares de anos.

Os vestígios dos primeiros humanos a pisarem no lugar estão cada vez mais próximos, mas alcançá-los exige esforço ainda maior. Vale lembrar que se tratavam de povos caçadores e uma vista privilegiada se fazia importante nesse processo de busca pela alimentação.

Subir um conjunto de rochas, por exemplo, era algo natural, principalmente sabendo que dentro delas havia uma boa sombra. Ultrapassada a barreira do medo de altura, chega o tempo da contemplação.
De um lado, uma espécie de flecha na cor vermelha; e mais acima, na mesma tonalidade, uma sequência de desenhos de difícil interpretação, mas que poderiam ser associados a pessoas de mãos dadas numa espécie de ciranda. Dali, avista-se toda a paisagem, inclusive a famosa "Pedra da Andorinha", refúgio natural desse tipo de ave migratória durante o verão.

É possível passar horas no abrigo natural e pouquíssimo frequentado, ouvindo o som dos pássaros e da vegetação, enquanto se imagina sobre o que conversavam nossos antepassados há milhares de anos naquele lugar.

Mas esta não é a única pedra que guarda os vestígios históricos das primeiras ocupações de Sobral. Em outras, também ali no distrito de Taperuaba (a 65 km do centro do município), há registros que podem ser considerados até mais antigos por terem sido feitos com a ponta dos dedos.
Quem confirma toda a história é o próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que até o momento já cadastrou 32 sítios arqueológicos na região. Este, localizado nas proximidades da Pedra da Andorinha, deve receber uma estrutura mais adequada para visitação nos próximos seis meses.

Mas até lá, estudantes e pesquisadores podem contar com a ajuda do gestor da unidade, Ávila Mendes, e do zelador, José Barros Mesquita, mais conhecido como seu Zé, para acessar o local. Se o primeiro transmite toda a expertise técnica e acadêmica para o visitante, o segundo garante toda a segurança do percurso que só um nativo pode passar.

COMPLEXO

Voltando cerca de 8 km em direção a Sobral, chegamos à Fazenda Bilheira, onde foram inaugurados, no último dia 28 de novembro, os sítios Bilheira I e II, no km 37 da CE-362. Ambos receberam passarelas com proteção e placas de sinalização, o que facilita o acesso às pinturas rupestres ali localizadas. As imagens ficam mais evidentes no primeiro sítio, visto que no segundo, a 200m dele, uma ação erosiva natural já apagou ou comprometeu parte dos registros.
A tentativa de decifrar os dizeres do passado é instigante. Asteriscos e traços em vermelho, nas pedras que ficam a 1km da entrada da fazenda, podem sugerir uma possível forma de contar o tempo pelos nossos ancestrais. Mas essas são apenas suposições, como alerta o gerente de Biodiversidade da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMA), Franklin Viana. É ele quem nos conduz por toda a visita.

Enfim, chegamos ao ponto de partida, que bem poderia ser o de descanso. O Olho D'Água do Pajé, localizado no distrito de Aracatiaçu, a 63 km do Centro de Sobral, guarda duas fontes de águas termais de temperaturas diferentes: uma mais quente e outra mais fria, ambas com concentração de enxofre. Contam os mais velhos que o espaço já foi muito frequentado pelos povos indígenas e que o banho teria, inclusive, propriedades medicinais.
A bisavó do nativo Diosnei, dona Evangelina, faleceu com 102 anos, mas a vida toda contou ao bisneto a história de uma índia Iracema que, antes de se banhar nas águas do mar de Fortaleza, teria aproveitado o frescor das fontes termais de Sobral. Uma clara referência à personagem de José de Alencar, não é mesmo?

As fontes termais de Sobral ainda hoje são espaços de lazer para a população local, e dentro da proposta de um complexo turístico na região, a piscina formada a partir delas se configura como uma excelente opção para quem deseja se refrescar após o sol de meio-dia. Como bem disse nosso guia Franklin Viana, "para quem é do interior, tudo que envolve água é atração" e, arrisco dizer, para quem é da cidade também.

Como chegar

De Fortaleza a Sobral Saída diária de ônibus da Rodoviária Engenheiro João Tomé. Em Sobral, entrar em contato com os guias da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMA) pelos telefones (88) 3611.2016/ 3613.1674.

Agendamentos

De terça-feira a domingo, das 8h às 15h. Os percursos devem ser feitos de carro próprio, mas sempre com guias locais.

Locais visitados

Sítio da Pedra da Andorinha: Estrada de Taperuaba, a 60 km de Sobral. Fazenda Bilheira: Distrito de Bilheira, Km 37 da CE-362, a 52 km de Sobral. Olho d'Água do Pajé: Distrito de Aracatiaçu, a 48 km de Sobral. (Diário do Nordeste)

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