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segunda-feira, 13 de julho de 2020

MP de Sobral pede abertura de inquérito policial contra jornalista Wellington Macedo

O Ministério Público Estadual, em Sobral, solicitou à Polícia a abertura de inquérito contra o jornalista Welligton Macedo, no último dia 30. Assinado pelo promotor Hugo Alves da Costa Filho, o documento pede para apurar a divulgação de vídeos com cenas de abuso sexual de criança, em reportagem do jornalista. Segundo Macedo, trata-se de retaliação por ter entrado com representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Em março, o jornalista Wellington Macedo deu entrada com uma representação no CNMP acusando promotores sobralenses de omissão, tanto nos casos de abuso sexual contra crianças quanto às supostas fraudes na avaliação escolar da rede pública de ensino de Sobral, apontadas em sua série de reportagens “A educação do mal”. “Em toda minha vida de repórter, jamais sofri qualquer iniciativa desse tipo. De março para cá, já são duas. Tendo em vista a rapidez como agem, eles devem estar me monitorando”, disse Macedo.

A celeridade da 10ª Promotoria de Sobral, em relação ao jornalista, parece mesmo fora dos parâmetros do Ministério Público. A primeira iniciativa, assinada pelo promotor Alexandre Pinto, foi registrada às 19h28 no sistema, menos de três horas depois da postagem do jornalista, publicada às 16h49 no Facebook.

A matéria noticiava a primeira morte por covid-19 em Sobral. O promotor viu na reportagem vilipêndio e tentativa de causar pânico. Vários profissionais e veículos de comunicação, incluindo este jornal, deram destaque ao fato. Só o jornalista Wellington Macedo recebeu a atenção do MP.

Já esta segunda iniciativa, sob autoria do promotor Hugo Alves Costa Filho, aconteceu um dia depois da postagem do jornalista. que apresentou cenas de abuso sexual contra crianças. “Não cometi crime, desfoquei completamente as imagens, para chamar atenção das autoridades. Estão querendo punir o autor das denúncias, e não os criminosos”, defende-se o jornalista.

O promotor Hugo Alves da Costa Filho, autor do pedido de abertura de inquérito, atendeu ao SobralPost. Para ele, o jornalista pode ter cometido crime, com a divulgação das imagens, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 241-A). Disse que não pediu abertura do inquérito para o estuprador porque não há identificação do autor, nem da vítima, nem sequer do local do crime.

Quanto aos casos apontados pelo jornalista como sem punição, o promotor garante que todos estão dentro do prazo. Como o SobralPost divulgou na matéria sobre falta de transparência no Conselho Tutelar, havia um descompasso entre os números. Enquanto o Conselho Tutelar disse que tinha registrado 24 casos, o promotor Plínio Almeida Pereira afirmou que apenas TRÊS estavam com ele.

O SobralPost também perguntou sobre atuação do MP nos casos de grande repercussão envolvendo autoridades públicas que podem ter cometido crimes. Um deles foi do prefeito Ivo Gomes, com suposta incitação à violência, quando em 27 de março, também em rede social, conclamou seus seguidores explicitamente: “Soube q vai ter uma carreata de filhinhos e filhinhas de papai em Fortaleza. Joguem pedras nos carros deles”.
                                       Publicação de Ivo Gomes, no Facebook, às 18h02, do dia 27/03/20

Já o senador Cid Gomes, no caso da retroescavadeira, pode ter cometido um leque de crimes, no dia 19 de fevereiro. Três dias depois, uma associação de juízes pediu publicamente que Cid Gomes fosse denunciado por tentativa de homicídio. Mas o Ministério Público de Sobral ainda não se moveu.
             Cid Gomes na retroescavadeira praticando supostos crimes com escolta da Guarda Municipal

Para os dois casos, o promotor asseverou “que qualquer investigação cujo sujeito passivo seja autoridade pública, será devidamente apreciada pelo membro do Ministério Público de Sobral com atribuição para tanto”.

Como o verbo está no futuro, nada foi feito ainda. Há uma diferença enorme nos procedimentos. Contra o jornalista, o MP agiu em 24 horas para um caso e em menos de três horas noutro. Em relação ao suposto crime do prefeito, já tem mais de três meses sem que o MP atue para os esclarecimentos. E no caso do senador, o tempo ainda é mais longo: mais de quatro meses de inanição.

Wellington Macedo disse que sua primeira reportagem falando de estupro contra criança é de 12 de julho de 2018. “Até hoje, jamais fui chamado para prestar esclarecimento, nem houve desdobramento do crime”. Isto é, para punir os abusadores sexuais. não tem a mesma pressa. Já para me punir, eles são o The Flash”.

Fonte: Luciano Clever / Sobral Post

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