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sábado, 27 de fevereiro de 2021

Investigação da Polícia Civil (Draco) prendeu número 1 de facção no CE e apreendeu cerca de R$ 70 milhões em drogas

Operação Guilhotina mapeou e deteve outros chefes do grupo criminoso, que aproveitou a prisão de rivais para se fortalecer e conquistar territórios.
O nome "guilhotina" é pelo sentido de cortar cabeças, essas lideranças”, afirma o delegado Harley Filho. Foi assim que a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), deflagrou a Operação Guilhotina, prendeu a principal liderança de uma facção carioca no Ceará e retirou cerca de R$ 70 milhões da organização criminosa, com a apreensão de mais de 1,7 tonelada de drogas.

Apesar de a Polícia Civil não divulgar, a reportagem apurou que a liderança detida é Max Miliano Machado da Silva, conhecido como ‘Pio’ e ‘Gordão’, de 33 anos. Ele é um ex-membro de uma facção amazonense, que se transferiu para a organização criminosa carioca e virou o principal importador de drogas do grupo no Ceará. Max já tinha passagens pela Polícia por homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa, tendo sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) no Amazonas por tráfico internacional de drogas.

Devido ao histórico criminal, ‘Pio’ não aparecia para negociar drogas e para dar ordens à facção. “A primeira pessoa não falava, procurava trabalhar nos bastidores”, conta Harley Filho, explicando que o “01” da organização criminosa tinha um representante – ou “frente”. A reportagem levantou que se trata de Roberto Rodrigo Di Jackson Oliveira Freitas, o ‘Fantasma’ ou ‘Sonsin’, até então sem antecedentes criminais.

A dupla foi capturada em um apartamento de luxo em Belém (PA), no último dia 16 de fevereiro. Por onde passavam, os dois homens ostentavam. “Ambos procuravam utilizar grande quantia de dinheiro, gastar com festas, mulheres, utilização de bens. Saíam da esfera normal”, pontua o delegado titular da Draco.

Antes de chegar ao Pará, ‘Pio’ e ‘Fantasma’ passaram pelo Rio de Janeiro, Estado berço da facção à qual pertencem. E por lá também tentaram cometer crimes. Segundo Harley, eles se juntaram a aliados para disputarem o domínio do tráfico de drogas no Complexo das Almas, uma comunidade localizada no Município de São Gonçalo, na Região Metropolitana. Mas, para não serem presos ou mortos no Rio, os dois homens viajaram para o Pará, em busca de um “território neutro”, onde pensavam que não entrariam em conflito nem seria localizados pela Polícia.

Apreensões

Mas a Draco já estava no encalço dos criminosos e contou com o apoio operacional da Polícia Civil do Pará. Também no dia 16 último, na deflagração da Operação Guilhotina, foram presos mais três cearenses em terras paraenses, em um sítio no município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém, na posse de 633 kg de entorpecentes (entre cocaína e crack).

Outros 11 suspeitos foram detidos no Ceará, entre eles Renê Rodrigues Lima, considerado um “Conselheiro de Guerra” da facção carioca no Estado e líder do tráfico de drogas no bairro Moura Brasil, em Fortaleza. Ele já respondia na Justiça pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas.

Na sequência da investigação, as polícias Civil do Ceará e do Pará chegaram a mais um carregamento pesado de drogas, no último dia 20 de fevereiro. Em outro sítio, este localizado no município paraense de Bujaru, os policiais apreenderam 1.150 kg de drogas (entre cocaína e pedra oxi), escondidos em dois veículos.

O valor total de todos os entorpecentes apreendidos na Operação é de cerca de R$ 70 milhões, de acordo com o delegado Harley Filho. A Draco irá aprofundar as apurações para descobrir a origem e o destino do material ilícito. “A gente ainda está investigando se eles iam estabelecer território somente para facilitar o fluxo, a remessa de drogas para o Ceará, ou se eles iam querer expandir o domínio da facção naquele Estado”, aponta.

Outros passos também serão dados na investigação. “Um dos enfoques, além da prisão de chefes desses grupos criminosos, é a gente tentar identificar o patrimônio. A gente atua em três pilares: capturar; tentar identificar a seara financeira, como se dá a lavagem de dinheiro; e, por fim, cortar o fluxo da remessa de drogas para o nosso Estado”, completa o delegado.

Exemplo

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Sandro Caron, que assumiu a Pasta em setembro do ano passado, afirma que a Operação de Guilhotina é um exemplo de trabalho a ser seguido em sua gestão: “Foi exatamente aquilo que a gente sempre preconiza, na questão do combate ao crime organizado. Que são aquelas investigações que atinjam realmente a estrutura do grupo, com a prisão dos criminosos, e que também vai ter a questão patrimonial, porque você tem que fazer a prisão das lideranças, a apreensão de drogas e de outros bens e produtos do crime”.

Segundo Caron, “o tráfico de drogas é o ‘crime-mãe’. A partir dele que os grupos obtém recursos para a prática de outros crimes. E também muitos homicídios são justamente pela disputa em razão do tráfico de drogas, considerando a posição altamente estratégica do nosso Estado para o tráfico internacional de drogas”.

O titular da SSPDS destacou que a integração que a Polícia do Ceará está criando com outros estados facilitou a realização da ‘Guilhotina’ e já trouxe outros resultados para a Segurança Pública do Estado: “Ao longo do ano passado, foram presas mais de 30 lideranças do crime, que haviam se escondido em outros estados. Para eles era muito conveniente. Praticavam o crime no Ceará e se escondiam fora. Essa aproximação com outras polícias nos permitiu ir prender essas pessoas onde quer que elas estejam”.

(Diário do Nordeste)

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