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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Vereadora diz que mulher foi "castigada por Deu"' por ter filho com deficiência

A vereadora da cidade de Arcoverde, em Pernambuco, Zirleide Monteiro (PTB) afirmou no início desta semana, durante uma sessão na Câmara Municipal da cidade, que uma mãe foi "castigada por Deus" por ter um filho com deficiência.

Após a repercussão da declaração, Zirleide divulgou um pedido de desculpas para as "pessoas com deficiência e seus pais" e disse que lhe faltou "tranquilidade e serenidade" após ser alvo de "agressões, mentiras e ofensas".

"Não preciso citar o nome da cidadã, que o castigo de Deus, Ele dá aqui em vida. Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela tinha alguma conta a pagar com aquele lá de cima. Ela já veio para sofrer. Está nas mãos de Deus. Está entregue e quem faz aqui, paga aqui mesmo. Não vai subir lá para cima não, viu? De jeito nenhum", disse.

Logo após a declaração, ainda durante a sessão, o presidente da Câmara, Wevertton Siqueira (Podemos), repudiou o posicionamento da vereadora e repreendeu a parlamentar.

"Eu acho que a senhora foi muito infeliz em suas palavras, em dizer que o filho de uma mãe veio deficiente porque é um castigo de uma pessoa ser ruim ou de uma pessoa ser boa. Eu acredito que a senhora foi muito infeliz. Eu quero pedir desculpa em nome da vereadora Zirleide, eu como presidente, quero pedir desculpa em nome dela a todas as mães que têm um filho deficiente aqui em Arcoverde, em Pernambuco e em todo o Brasil", disse o presidente.

A Câmara de Arcoverde também emitiu um posicionamento oficial contra a declaração da vereadora. Em nota, diz que "não aceita ou admite nenhum tipo de preconceito, de qualquer natureza; seja contra pessoas com deficiência; em questões de raça; de gênero; etárias; culturais; religiosas; sociais ou ideológicas".

De acordo com a Casa, foi aberto um procedimento interno para tratar sobre a responsabilização da vereadora pela declaração.

Com a repercussão do caso, a vereadora desativou as redes sociais e divulgou uma nota à imprensa em que pede desculpas pela declaração.

"Antes de tudo, quero pedir de perdão, desculpas, particularmente às pessoas com deficiências e aos seus pais, pela infelicidade dita durante a última sessão da casa legislativa. Nunca, em nenhum momento de nossa vida, fui capaz de ser ofensiva com as pessoas que ultrapassassem o âmbito de sua atuação administrativa, pois sempre nos pautamos pelo respeito e a luta em defesa das pessoas com deficiências, assim como fizemos em defesa dos portadores com o transtorno do espectro autista (TEA), sendo pioneiras ao lado de pais e mães", disse em nota.

Zirleide afirmou ainda que foi a declaração foi movida "por agressões, mentiras e ofensas" e que lhe faltou serenidade.

"Lamentavelmente, movida por agressões, mentiras e ofensas desferidas a minha pessoa, motivadas por diferenças políticas e uma política de baixo nível, incorremos no erro de sermos ofensivas às pessoas com deficiência, quando deveríamos ter procurado os meios legais de nos defender. Não quero justificar essas agressões fortuitas de terceiros pelas palavras indevidas por mim proferidas, apenas situar que sim, faltou-me tranquilidade e serenidade para agir e falar. Mas, repito, o respeito, a preocupação e a nossa luta em defesa das pessoas com deficiências são inerentes à minha pessoa e ao mandato que exerço. Sabemos que para se construir uma sociedade inclusiva, é necessário o cuidado com as palavras para se referir ao outro. Errei e tenho a humildade de reconhecer e pedir desculpas e perdão a Deus e a todos", disse.

ESTADÃO CONTEÚDO

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