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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

E se Trump sobretaxar o Brasil? Entenda os impactos sobre nossa economia

O impasse momentâneo criado pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, que se recusou a receber aviões com imigrantes ilegais deportados dos Estados Unidos, reacendeu o sinal de alerta para as altas tarifárias tão alardeadas pelo novo presidente norte-americano. A julgar por sua postura no caso das deportações, o Brasil também corre o risco de entrar na mira de Donald Trump e ser afetado por sobretaxas nos EUA.

E não só: nosso país está suscetível a sanções em razão de pelo menos outras três situações: o uso de moedas alternativas ao dólar em transações comerciais com países dos Brics, a cobrança de imposto mínimo de 15% sobre o lucro de multinacionais e o alegado uso do sistema judicial para perseguir opositores (leia mais abaixo).

Trump anunciou no domingo (26) um aumento para 25% na tarifa de importação sobre produtos colombianos, a ser elevada a 50% após uma semana, em resposta à postura do mandatário colombiano em relação às deportações.

Petro retrucou na mesma moeda e ameaçou replicar as alíquotas aos produtos americanos, antes de ceder em entrar em acordo com os EUA sobre a deportação dos ilegais. O anúncio de entendimento veio na manhã desta segunda-feira (27), quando o governo dos EUA afirmou que não foi assinada a ordem para elevação tarifária. Ainda assim, o Banco Mundial avisou que o governo norte-americano revogou vistos de trabalho de colombianos.

Ocorre que, antes mesmo de Petro se arvorar contra o modus operandi das deportações, o Brasil já tinha protagonizado papel semelhante. No domingo (26), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Ministério das Relações Exteriores, disse que solicitará esclarecimentos do governo americano por suposta violação do acordo de deportação entre ambos os países.

Segundo a chancelaria brasileira, os Estados Unidos violaram as regras ao enviar os imigrantes ilegais de volta ao Brasil algemados e acorrentados durante o voo, em situação "degradante".

No entanto, somente nos dois primeiros anos da terceira gestão petista, a administração do ex-presidente Joe Biden enviou 32 voos com deportados. Os procedimentos para o transporte dessas pessoas são padrão e independem da gestão.

O governo americano ainda não respondeu ao pedido de esclarecimento da chancelaria brasileira, mas a resposta de Trump a Petro indica que o espaço para manobras pode ser escasso. E as consequências, se vierem, tendem a ser impactantes: os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil.

Nesta segunda-feira (27), Lula convocou uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para tratar do posicionamento do Brasil diante da controvérsia entre Colômbia e EUA. Mas o petista deve trabalhar a crise dos deportados internamente e vai evitar afrontas a Trump, segundo fontes no governo ouvidas pela Gazeta do Povo.

O encontro também visou acertar a conduta do país na reunião de emergência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), convocada por Petro para tratar do tema. O encontro será realizado na próxima quinta-feira (30), em Honduras, mas Lula não deve viajar para o país caribenho.

(Gazeta do Povo)

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