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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Água distribuída em operação carro-pipa tem contaminação fecal



A água que os carros- pipa levam aos municípios cearenses atingidos pela estiagem é tão perigosa quanto a própria seca. De acordo com relatório elaborado por técnicos pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), parte da água distribuída não é adequada para o consumo e pode contribuir para o aumento da mortalidade infantil.

Em reunião realizada ontem, na sede da Procuradoria da República no Ceará, representantes da Defesa Civil do Estado, Exército e da própria Sesa, além do procurador Alexandre Meireles, discutiram possíveis soluções para evitar que a contaminação da água continue.

Segundo o relatório, dos 152 municípios que utilizam carro-pipa no Estado, apenas 28 contratam veículos cadastrados no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), órgão responsável por monitorar a qualidade da água para o uso humano.

O documento investiga 381 amostras de água colhidas para análise microbiológica nesses 28 municípios. Em 70 das amostras (18%), foi detectada a presença da bactéria Escherichia coli, que caracteriza contaminação fecal na água que está sendo transportada pelos carros-pipa. O estudo aponta ainda a presença da Giárdia, parasita que provoca infecções intestinais.

O relatório também indica que mananciais inadequados para fornecer água ao consumo humano estão sendo largamente utilizados.

Falta d’água

Titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins alega que quase não existe água potável no Ceará, principalmente na região dos Inhamuns. “Em Crateús, por exemplo, temos muitas dificuldades para encontrar água tratada”, diz. Por conta disso, as prefeituras em estado de emergência estão recorrendo a mananciais superficiais.

De acordo com Gláucia Norões, supervisora do Núcleo de Vigilância Ambiental da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde, órgão vinculado à Sesa, os reservatórios superficiais só possuem água apta para o uso da indústria ou da pesca, mas jamais para consumo humano. “Essa água só poderia ser usada se fosse tratada previamente, o que não acontece”, afirma.

“Quem indica o reservatório é a prefeitura local, que dá um laudo de potabilidade para o Exército (responsável pela operação carro-pipa) se certificar da qualidade da água”, afirma Nelson Martins. “Eu gostaria muito de ver um laudo ( de potabilidade) desses, porque nunca vi”, disse Gláucia Norões.

O representante do Exército disse que não falaria sobre a contaminação da água distribuída aos municípios por carros-pipa. As ações são operacionalizadas pela instituição.




Fonte: O Povo

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