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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Blogger bane pornografia: a crise de identidade do pornô na internet

Em uma decisão surpreendente, ontem, o Reddit, maior fórum da internet, proibiu que os seus mais de 100 milhões de usuários “postem fotos ou vídeos sem o consentimento das pessoas”. Um dia antes, o Google anunciou que os blogs da plataforma Blogger que tiverem conteúdo “adulto” terão o acesso bloqueado. Será que a internet está mais certinha?

A resposta é complexa. Este pode ser só um (tardio) movimento para diminuir a quantidade de “pornôs de vingança” – aqueles vídeos e fotos normalmente enviados por ex-namorados à revelia das vítimas – ou ainda a invasão de privacidade de celebridades. O Reddit recebeu muitas críticas ano passado quando as fotos íntimas de famosas como Jennifer Lawrence vieram à público e foram amplamente distribuídas por ali. Para tomar a decisão, o Google pode também ter pensado em outra coisa: em alguns países (como o Brasil), o site que mantém as fotos enviadas contra a vontade da pessoa pode ser co-responsabilizado judicialmente pelos danos à imagem da vítima. Então é melhor apagar tudo para não ter que ficar lidando com processos. Especialmente o Reddit, que tinha um espaço dedicado ao “Jailbait" (isca para a cadeia), onde os usuários frequentemente postavam fotos sexuais de menores de idade.

Olhando dessa forma, não parece à primeira vista que esse movimento é um ataque de puritanismo. Faz algum sentido financeiro que essas empresas evitem ser associadas com conteúdo “sujo”. Mas as decisões recentes mostram também que colocar conteúdo adulto na internet, e consequentemente ganhar dinheiro com ele, é algo cada vez mais complicado, especialmente para os donos de sites. Pegue, por exemplo, a crise da produção profissional brasileira de pornô, bem documentada pela TV Folha.

Some a isso recentes contaminações por HIV no “Vale do Pornô” na Califórnia e a prevalência de sites com pornô pirata, como Xvideos ou Redtube, e fica claro que é muito difícil sustentar aquela ideia de que “sexo vende”, ou que é fácil ganhar dinheiro com isso. O sexo “legítimo”, profissional, já deixou o seu auge, como indústria. Quem produz conteúdo adulto está diversificando seus negócios – as atrizes, fazendo câmeras privê na internet ou programas, enquanto as produtoras ganham cada vez mais com acessórios sexuais.

Nesse contexto, o pornô-não-remunerado, mais conhecido como amador, seria um “caminho” para continuar havendo conteúdo novo nos sites dedicados. A questão é que o pornô involuntário é normalmente um momento de intimidade feito para ficar na intimidade. Até agora, a ideia de que esse tipo de material “cairia na net” era dado como fato da vida. E pode ser que os vídeos caseiros continuem circulando por WhatsApps e SnapChats. Mas, assim como as “câmeras”, ele será algo mais efêmero. Os recentes movimentos de Google, Reddit (e, antes, do Tumblr) mostram que agrupar e faturar com esse tipo de material será cada vez mais difícil para amadores também.

E isso não é regredir, ou encaretar. O pornô, ou qualquer conteúdo sexual gráfico, é algo cada vez mais aceito na sociedade, e não associado a pervertidos. Isso é bom. Mas David Foster Wallace já havia dito que ”quanto mais aceitável na cultura moderna ele se torna, mais longe o pornô terá que ir para preservar algum senso de inaceitabilidade, de choque, que é tão essencial ao seu apelo.”

A indústria do pornô saiu do “baunilha” para explorar todo tipo de nicho, de sadomasoquismo ao bestialismo, às simulações de estupro. Não foi suficiente para se manter na era das cópias fáceis e gratuitas. A fronteira dos vídeos proibidos, os amadores roubados de quem não queria virar pornstar, seria o próximo caminho.
Mas ele não é viável, como modelo de negócios. Como bem percebeu Hunter Moore, criador de um site especializado em “pornô de vingança”, que deve ir para a cadeia, ser banido da internet e pagar multa de 500 mil dólares, em um processo histórico nos EUA.

O pornô amador continuará existindo, mas o movimento das grandes empresas nessas últimas semanas sugere que ele ficará cada vez mais marginalizado, em servidores de países cada vez mais distantes, com publicidade cada vez mais cheia de malware. O que não é exatamente um retrocesso. 
Fonte: Yahoo

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