Perplexos e indignados com a criminalidade no Ceará, os manifestantes pediram mais rigor e empenho do poder público para conter o avanço da violência no estado.
Policiais civis e militares, familiares e representantes da sociedade civil participaram, neste domingo (14), de um ato pela paz em Fortaleza. A manifestação, que reuniu mais de cem pessoas, acontece após a morte de dois policiais em menos de uma semana. Na segunda-feira (8), o policial civil Antônio Márcio Rios de Souza, de 35 anos, foi morto em uma lan house após os criminosos perceberem que ele estava armado e reagiria. Três dias depois, na quinta-feira (11), a inspetora Maria Gorete de Oliveira foiabordada por um homem armado enquanto dirigia seu carro.
Segundo levantamento da Associação de Cabos e Soldados Militares do Ceará (ACSMCE), entre 2007 e 2014 108 policiais foram mortos. Este ano foram registradas cinco mortes de policiais. O caso mais recente de violência contra policiais aconteceu na manhã deste domingo, no bairro Ancuri. Um soldado reagiu ao assalto e foi baleado enquanto se deslocava para o trabalho. Ele mora em Pacajus e pertence à 2a Companhia do 15o Batalhão da Polícia Militar.
Perplexos e indignados com a criminalidade no Ceará, os manifestantes pediram mais rigor e empenho do poder público para conter o avanço da violência no estado.
Para Mariana Posses, representante do Fórum Nacional Permanente de Reconstrução Social, é importante que a sociedade civil não fique apenas reclamando nas redes sociais sobre a criminalidade. Segundo ela, é preciso ir às ruas e participar de toda manifestação que cobre mais segurança no Brasil. “A sociedade é alheia à realidade das polícias no país. Não existe contingente policial, não existe instrumento para que a polícia trabalhe e as pessoas não sabem disso”, critica.
De acordo com Gustavo Simplício, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol-CE), o ato realizado neste domingo vai além da violência contra a polícia, pois o que está em discussão é a morte de mais um cearense. “A violência no Brasil está atingindo níveis alarmantes, nós estamos aqui sofrendo junto com a sociedade”, afirma.
“Eu sei que o compromisso com a sociedade é maior que o meu medo de não estar junto da minha família de novo”. - Marcos Dantas, policial civil. Para Simplício, a prisão dos dois envolvidos nos crimes contra policiais nesta semana não se trata de um ato de corporativismo, mas de uma resposta aos infratores de que a polícia precisa ser respeitada como instrumento de defesa da sociedade. “O que nós queremos com este ato é a paz, mas aproveitamos a manifestação para defender uma política de segurança que estabeleça condições de trabalho para o efetivo”, explica o policial.
A estudante de nutrição Glória Oliveira, casada com um policial civil, não esconde o medo de não saber se o marido vai voltar para casa após um dia de trabalho. “A família fica à mercê da criminalidade. A palavra que melhor define é o medo, por não saber se ele vai voltar bem”. O marido de Glória, Marcos Dantas, policial desde 2009, conta que a pressão da família é grande para que ele deixe a polícia. Marcos já foi vítima de uma tentativa de assassinato, mas não pensa em deixar de exercer a função. “Eu sei que o compromisso com a sociedade é maior que o meu medo de não estar junto da minha família de novo”.
Fonte: Tribuna do Povo
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