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Joshua treinou por três semanas no Santos Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo / Divulgação Santos FC
Pelos gramados dos Estados Unidos, Joshua Arantes do Nascimento passa despercebido. Com apenas 1,71m de altura, há dois anos o jovem vive o anonimato como atacante do sub-16 do Florida Rush, de Orlando. Os companheiros e o treinador sabem que ele é filho de Pelé, o Rei do futebol. A semelhança física é evidente, as características em campo são parecidas, mas na terra do Tio Sam o adolescente é apenas mais um menino tentando a vida. Por isso, o sonho dele é voltar ao Brasil e trilhar o caminho da bola, como o pai.
Aos 16 anos, o garoto já determinou que vai se profissionalizar e prevê sua vinda para o país em 2013. E o Santos, que eternizou e ajudou Pelé a ser o maior de todos, é o clube escolhido por Joshua para começar, de fato, a carreira.
— Quero virar profissional antes dos 18 anos. Se for no Santos melhor ainda, porque é o meu desejo desde criança. Seria a melhor coisa para mim. Mas também iria para outro clube, se não desse no Peixe — disse o camisa 19, que é filho de Assíria, a segunda mulher de Pelé.
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Joshua ao lado do pai: o rei e o príncipe Foto: Arquivo Pessoal |
Se por um lado jogar no time de coração seria mágico, usar a camisa 10 eternizada pelo pai não está nos planos. Joshua sabe o peso que é ser filho do Rei e, mais ainda, vestir o número. E curiosamente ele aceita a 9 ou a 11, hoje usada por Neymar, de quem é fã.
A camisa 10 não é para mim não. Quero a 9 ou a 11Joshua
— A camisa 10 não é para mim não. Deixa para os meias. Quero a 9 ou a 11 — afirma o menino, que sonha jogar ao lado de Neymar. — Ele é fenomenal. O que está fazendo agora e ao longo da carreira é de outro mundo. Se tiver a oportunidade de jogar com ele vai ser sonho.
Josh, como é chamado pelos companheiros, não nega suas origens e nem pensa em se comparar ao pai. Mas, na humildade, cita três características em comum com Pelé: ser destro, ter velocidade e chutar forte com as duas pernas. O Rei do futebol apoia a decisão do menino de ser jogador e, sempre que pode, acompanha jogos e passa instruções ao filho, como se fosse um técnico particular.
— Sempre que pode ele me vê jogar. Há um mês e meio, ele veio aqui ver uma partida. Quando não dá, nos falamos por telefone. Ele pergunta como foi, mando vídeos e ele me passa o que poderia ter feito, fala do posicionamento... Tento sempre seguir os conselhos — conta Josh, autor de 30 gols na carreira
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Edinho, Pelé e Joshua: encontro em família Foto: Arquivo pessoal |
Carregar o sobrenome Arantes do Nascimento é um fardo pesado. E Joshua não é o primeiro filho de Pelé a ter que enfrentar essa pressão. Edinho jogou como goleiro por 11 anos e passou pelo Santos, Portuguesa, São Caetano e Ponte Preta. Na época, ele enfrentou as fortes críticas de ser apenas um jogador mediano.
Apesar da trajetória de Edinho no futebol e compreender o que ele passou, Joshua garante que não vai desistir fácil.
— Meu pai disse que vai ser difícil. Meu irmão passou por isso, chorou algumas vezes e dizia que era complicado. Mas tento não ligar muito. Vai ser inevitável e sempre vou levar da melhor maneira possível, com cabeça no lugar, pés no chão e na humildade — afirma.
Sem regalias
Hoje, o garoto não sofre pressão já que nos Estados Unidos as pessoas desconhecem — ou minimizam — a importância de Pelé. Mas no Brasil, Josh sabe que será complicado. No entanto, ele não quer tratamento diferenciado.
Técnico tem que me colocar para jogar independente de quem sou filhoJoshua
— Aqui no clube, eles não sabem bem quem é o meu pai. Sabem o que ele fez, mas não é a mesma coisa como no Brasil. Não há tratamento diferenciado e nem quero isso. Técnico tem que me colocar para jogar independente de quem sou filho — diz.
Se o futebol não der certo ele já pensou em duas possibilidades: cursar administração ou gastronomia.
— Gosto de cozinha, apesar de não cozinhar bem (risos).
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