O Congresso do Peru destituiu a presidente Dina Boluarte e nomeou, menos de uma hora depois, José Jeri como novo chefe de Estado. A posse ocorreu nesta sexta-feira, 10, logo depois da votação relâmpago que aprovou a saída da líder com ampla maioria.
Jeri presidia o Congresso desde julho. Conservador, tem 38 anos e integra o partido Somos Peru. Ele agora se torna o sétimo presidente peruano em menos de uma década.
Na sessão, os parlamentares apresentaram quatro moções distintas que acusavam Boluarte de “incapacidade moral”. Cada uma delas obteve mais de 100 votos dos 122 possíveis. A oposição reuniu apoio de partidos de esquerda e direita, incluindo forças que antes a sustentavam, como Renovação Popular e Força Popular.
Boluarte ignorou a convocação do Parlamento, feita na noite desta quinta-feira, 9, para que ela se defendesse pessoalmente. Diante da ausência, os congressistas deram andamento imediato ao processo de impeachment.
Durante a posse, Jeri usou a faixa presidencial e prometeu uma resposta dura ao avanço da criminalidade. “O principal inimigo está lá fora, nas ruas”, disse o presidente. “Devemos declarar guerra ao crime.”
Multidões se concentraram em frente ao Congresso. Parte dos manifestantes comemorou a queda da ex-presidente com danças, bandeiras e músicas. Outro grupo se dirigiu à Embaixada do Equador, especulando que Boluarte poderia pedir asilo político.
Boluarte deixa legado de perseguição e crise política no Peru
No palácio presidencial, Boluarte reconheceu a derrota. Com apenas 2% de aprovação nas pesquisas, ela acumulava acusações de corrupção e de comandar repressões letais contra manifestantes. Nesse sentido, nega ter cometido qualquer crime.
A crise política atual remonta a dezembro de 2022, quando o então presidente Pedro Castillo tentou dissolver o Congresso e recebeu ordem de prisão. Boluarte, que ocupava a Vice-Presidência, assumiu o poder na sequência. Desde então, o país vive um ciclo de instabilidade, protestos e trocas sucessivas de governo.
Organizações de direitos humanos acusaram o governo dela de empregar força excessiva contra comunidades indígenas e camponesas. O novo presidente, por sua vez, tenta agora estabelecer autoridade num país onde o poder muda de mãos sem aviso.
Fonte: Revista Oeste
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